IBGE divulga resultado de IPCA em dezembro, alta de 0,62%
O grupo de transportes também colaborou para o aumento da inflação no país em 2022
Nesta terça-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, que indica uma aceleração da inflação oficial do país de 0,62%.
Em 2022, o Brasil fechou o ano com uma inflação acumulada de 5,79%, acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), fazendo com que seja o quarto ano seguido em que o país termina um ano em alta nos preços superiores à meta estabelecida.
Inflação
No ano passado a meta de inflação era de 3,5% com o teto em 5%. Portanto, o limite foi estourado, mas ficou bem abaixo do registrado em 2021, ano em que a inflação ficou em 10,06%.
Entre janeiro e julho de 2022, a inflação acumulada em 12 meses ficou acima de 10%. Entretanto, em abril o indicador registrou uma alta de 2,13%. Entre os meses de junho para julho, os preços começaram a desacelerar, fazendo com que a partir de agosto o índice saísse da casa dos dois dígitos.
Gasolina
O grupo de transportes colaborou para o aumento da inflação no país em 2022. De julho até setembro, houve deflação, pressionada pela redução no preço dos combustíveis. Portanto, a gasolina foi também afetada pela deflação, com dados mostrando que desde 1998 que o país não registrava três quedas seguidas.
De acordo com o gerente de pesquisa de preços do IBGE, Pedro Kislanov, caso a gasolina e a energia elétrica fossem retiradas do cálculo do IPCA, seus pesos seriam redistribuídos entre os demais itens que compõem o indicador. Deste modo, o país teria fechado o ano com a inflação em 9,56%.
O preço da gasolina teve queda entre junho e setembro, devido uma série de reduções no preço do combustível em refinarias, assim como também com a impentenção da Lei Complementar 194, na qual limita a cobrança de ICMS sobre os combustíveis dos estados.
IPCA
Em dezembro, o IPCA de todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, com os setores de saúde e cuidados pessoais e vestuário se destacando no mercado.
Os grupos de transportes e habitação desaceleraram em dezembro em relação ao mês de novembro que apresentava um bom índice. Já o indicador acumulado no ano, que faz parte de nove grupos, sendo eles os de produtos e serviços, pesquisados tiveram alta, com seis desses grupos ficando acima da média geral.
O grupo de transportes e comunicação foram os únicos que apresentaram deflação no indicador acumulado no ano.
Já o grupo de vestuário teve a maior alta de preços no ano, com um aumento superior a 1% em 10 dos 12 meses. O grupo de habitação fechou o ano em estabilidade no índice de preços.
Outro grupo que se destacou foi o de alimentação e bebidas, que fechou o ano com 2,41 pontos percentuais (p.p) no indicador. O grupo de saúde e cuidados pessoais fechou com 1,43 p.p de impacto.
Os transportes apresentaram uma pressão negativa sobre o IPCA acumulado no ano, com um impacto de apenas 0,288 p.p.
Resultado dos grupos que compõem o IPCA
O grupo de vestuário fechou o ano com um aumento de 17,02%; alimentação e bebidas em 11,64%; saúde e cuidados pessoais com 11,43%; artigos de residência em 7,89%; despesas pessoais com 7,77%; educação em 7,48%; habitação com baixa de 0,07%; transportes com queda de -1,29% e a comunicação também fechou em baixa com -1,0%.
Alimentação
A alta nos preços de alimentos em 2022 colaborou para que a inflação terminasse acima da média estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, assim como também dificultou a compra de alimentos para a sociedade brasileira. De acordo com o IBGE, a alimentação no domicílio teve alta de 13,23% superior às da alimentação fora de domicílio, que foi de 7,47%.
Saúde e cuidados pessoais
O grupo de saúde e cuidados pessoais, teve seu destaque como a segunda maior influência na inflação anual, registrando o maior aumento de preços desde 1996, quando encerrou o ano acumulando cerca de 13,80%.
Vestuário
O grupo de vestuário teve alta nos preços de roupas femininas em 21,35% e nas masculinas de 20,77%. As roupas infantis ficaram em 16,83%, enquanto os calçados em 14,41% e acessórios em 16,83%. Já as jóias e bijuterias tiveram a menor variação entre os itens pesquisados, ficando em apenas 3,67% no IPCA.
Energia elétrica
Por fim, o grupo de habilitação encerrou o ano em estabilidade devido a queda de 19,1% na energia elétrica, impactando de maneira negativa o IPCA geral, ficando em -0,96 p.p.
Já o aluguel residencial foi de 8,67%, incluindo a taxa de água e esgoto, que ficaram em 9,22%, assim como o condomínio, que contribuíram cerca de 0,62 p.p na inflação do ano.
No Boletim Focus divulgado ontem (9), através do Banco Central do Brasil (BC), a projeção para inflação neste ano foi de 5,31% para 5,36%, com a sua quarta alta consecutiva.