Passagens aéreas sofrem reajustes de até 30% devido a Guerra
Companhias aéreas confirmam o reajuste no preço das passagens e serviços adicionais, além da suspensão temporária de rotas
Uma das consequências do conflito entre Rússia e Ucrânia no Brasil, é a elevação dos valores das passagens aéreas. Isso acontece, porque, um dos principais custos da operação é referente ao combustível que os aviões utilizam, cuja matéria-prima é o petróleo.
Como já era esperado, as companhias aéreas brasileiras admitem o reajuste no preço das passagens de até 30%,e a redução no número de voos, por conta da escalada em seus custos.
Posicionamento das companhias aéreas
Foi confirmado pela Latam um reajuste de 25% a 30% nos preços das passagens e serviços adicionais. Além disso, ocorre também a suspensão temporária de 10 rotas e o adiantamento de mais outras 11 que iriam entrar em operação.
A Azul ainda não confirmou a alta nos preços, mas admitiu que ajustou a oferta de voos diários em alguns mercados.
A Gol também não deu nenhum posicionamento sobre. O presidente da companhia, Paulo Kakinoff, disse ao jornal “Valor Econômico” que o combustível já representa cerca de 50% dos custos das empresas do setor.
“Em função da alta do preço do querosene da aviação, resultante da evolução da guerra na Ucrânia, precisou realizar alguns ajustes em sua malha doméstica, e que esse cenário também impacta em aumento de preços das passagens e serviços adicionais da ordem de 25% a 30%”, afirmou a Latam.
Belém-Manaus, Manaus-Fortaleza e Fortaleza-Belém são algumas das rotas que foram suspensas até o mês de junho.
Brasília-Palmas, Brasília-Navegantes (SC) e Porto Alegre-Curitiba são algumas das rotas que foram adiadas para o mês de julho.
“Lamentamos o impacto causado aos clientes em função destas alterações, que resultam de fatores externos alheios à sua vontade” informou a companhia. Eles também orientam os clientes a acessarem seu site para poderem saber se seu voo foi postergado.
Segundo a Azul, o ajuste na oferta de voos foi necessário, devido ao aumento exponencial do valor de várias commodities nas últimas semanas, em especial no barril de petróleo, que já vinha sofrendo consecutivas altas em função da pandemia da Covid-19, e atingiu um pico recorde desde 2008.
Ainda segunda a empresa Azul, a alta do petróleo pressionou o preço do QAV (querosene de aviação), o que “impacta na retomada mais vigorosa da oferta de voos no país, assim como a inclusão de novas cidades e novas rotas e frequências entre aeroportos que já contam com serviço aéreo”.
O QAV responde por mais de um terço dos custos das empresas do setor e o combustível já havia subido 76,2% em 2021, informou a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). “O encarecimento do QAV no curto e médio prazo poderá frear a retomada da operação aérea, o atendimento logístico a serviços essenciais e viabilizar rotas com custos mais altos”.
Passagens de voos nacionais têm alta de até 45%
Um levantamento realizado no site Kayak, aponta que o reajuste no preço médio das passagens foi de até 45% nos destinos nacionais que são os mais procurados, e nos preços internacionais, o reajuste é de até 17%. Foi comparado os dados entre 1° e 15 de março de 2022, com o mesmo período de fevereiro de 2022.
Voos para Florianópolis tiveram a maior alta registrada (+45%), mas também houve altas bastante expressivas para Brasília (+41%), Rio de Janeiro (+40%) e São Paulo (+40%).
Entre os destinos mais procurados, o preço médio das passagens aéreas mais caras foi encontrado em Maceió, R$ 1.510 e com alta mensal de 12%.
Já entre os 10 destinos internacionais mais pesquisados, voos com destino ao Porto, em Portugal, tiveram o maior reajuste (+17%). Depois de Portugal, segue Paris (+16%), Londres (+15%) e Lisboa (+14%).
Londres e Lisboa possuem as passagens mais caras (R$ 5.250 e R$ 5.299) e Buenos Aires possui a passagem mais barata ( R$ 1.900).
Cancún foi o único destino pesquisado que teve redução da passagem (-1%).
Não foi informado pelo Kayak o motivo da alta nos preços médios dos bilhetes, mas diz que alguns fatores podem influenciar na composição do preço, como a demanda e a oferta, preço do combustível de aviação, variação cambial e reconfiguração das malhas aéreas, entre outros.