Vale (VALE3) vende ativos do Sistema Centro-Oeste para J&F
Conclusão da compra marcará a entrada do Grupo J&F na mineração a fim de criar no futuro a “JBS da mineração”
A Vale (VALE3) continua com seus planos de focar esforços em simplificar seu portfólio e concentrar a produção de minério de ferro nas instalações localizadas no estado de Minas Gerais e no sul do estado do Pará, na reserva de Carajás.
A aquisição do Sistema Centro-Oeste por parte da J&F Investimentos, holding que controla a empresa JBS, ainda depende da aprovação de órgãos reguladores como, Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e CDN (Conselho de Defesa Nacional).
Com a venda, a J&F garantirá para si a totalidade de ações da Mineração Corumbaense Reunida, da Mineração Mato Grosso, da International Iron Company e da Transbarge Navegación.
Segundo a mineradora, em 2021, a mina de Corumbá (MS) produziu cerca de 2,7 milhões de toneladas de minério de ferro e 200 mil toneladas de manganês, principais matérias-primas para produção de aço e ferro-liga, usados em siderúrgicas.
Essas quantidades produzidas na mina geraram uma contribuição de US$ 110 milhões em Ebitda no último ano.
Vale arrecada mais de US$ 1 bilhão
Desde o mês de fevereiro já haviam conversas sobre a venda desses ativos por parte da Vale devido ao plano da empresa de simplificar o portfólio para focar nos principais negócios que são os mais rentáveis para empresa e oferecem maior chance de crescimento
Após anunciar na semana passada, que estava prestes a vender o sistema Centro-Oeste, a Vale está próxima de concluir a transação, cerca de 13 anos depois da aquisição da mina por cerca de US$ 750 milhões.
O negócio deve girar em torno de US$ 1,2 bilhão, valor esse que inclui o pagamento de dívidas por parte da J&F. A empresa deverá assumir todas as obrigações que forem necessárias com os funcionários.
A mineradora receberá cerca de US$ 150 milhões no fechamento da transação e repassará todos os passivos para a J&F, transferindo qualquer obrigação relacionada a contratos logísticos de take-or-pay.
Há a preocupação no estado do Mato Grosso do Sul por parte do governo estadual e dos moradores e trabalhadores da região de que haja um impacto econômico grande devido a venda para a J&F.
Em decorrência disso, o secretário da Semagro, Jaime Verruck veio a público para tranquilizar a população e garantir que está fazendo diversas reuniões com o governador do estado e os diretores da Vale para que consigam manter os cerca de 1 mil empregos da maioria dos trabalhadores.
Além da garantia dos empregos, o secretário crê em um cenário positivo na mineração local após a compra da J&F, graças às melhorias na logística que possibilitarão um crescimento na produção e na exportação dos insumos produzidos nas minas
Intenções da J&F
A holding brasileira que tem como proprietário, Joesley Batista e já se envolveu em algumas polêmicas no país graças a uma de suas empresas, o frigorífico JBS, agora está para entrar de vez no ramo da mineração.
O sistema Centro-Oeste não será o único empreendimento da região que a empresa tem ligação. O grupo também é acionista majoritário da Eldorado Brasil, que fica localizada no estado do Mato Grosso do Sul e produz celulose de eucalipto.
Apesar disso, a empresa se vê há quatro anos numa disputa judicial com a própria sócia na Eldorado Brasil, que é a Paper Excellence. A batalha travada entre as duas diz respeito ao controle da produtora.
A JBS, principal empresa da holding da família Batista, é a maior produtora de proteína animal do mundo. A ideia do grupo com a aquisição dos ativos da Vale, é criar a “JBS da mineração” graças a sua expertise no setor. Portanto, novas compras podem ser fechadas nos próximos meses.