Crise de 1987: entenda o que foi a Segunda Feira Negra – ESTOA

Crise de 1987: entenda o que foi a Segunda Feira Negra

Em 1987, os mercados acionários presenciaram sua primeira queda superior a 20% de toda a história.


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Conhecida também como Black Monday, a Segunda-Feira Negra aconteceu no dia 19 de outubro de 1987. O índice Dow Jones, um dos mais importantes termômetros para a variação média dos preços das ações, despencou 22,6%, sendo a maior queda diária na história da bolsa americana. 

A bolsa de valores entrou em crise, outros índices ao redor do mundo também apresentaram quedas. As ações da Nova Zelândia caíram quase 40%, e a bolsa de Tóquio apresentou uma queda de 15,6% no Japão. 

Alguns mercados se recuperaram rapidamente após o ocorrido, porém, outros precisaram de alguns anos para recuperarem o desempenho pré-Black Monday.

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Manchete da época/Fonte: Reprodução

Quais foram as causas da Black Monday?

A moeda americana vinha se valorizando desde a metade da década de 80. Com o dólar fortalecendo, as exportações americanas se tornavam cada vez menos atrativas, aumentando então o déficit em conta corrente do país. 

O dólar começou a se desvalorizar, e para protegerem suas exportações, os países Europeus, juntamente com o FED (relutante), começaram um programa para segurar o dólar. 

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Como o déficit corrente não melhorou, a medida necessária para atingir este objetivo foi via aumento das taxas de juros, pressionando o governo a aumentar juros.

Depois da atratividade crescente dos títulos de renda fixa, ocasionou a queda das ações americanas. 

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Uma semana antes da Black Monday, o governo anunciou o déficit de quase U$16 bilhões, sendo assim, a bolsa começou a cair devagar, e no dia 19 despencou de maneira mais intensa. 


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Percebendo a enxurrada de resgates nos fundos de investimentos, alguns traders aproveitaram o período da abertura de mercado para se desfazer de suas posições. Os reguladores permitiram que houvesse um atraso nas negociações de forma a tentar estabilizar os mercados.

O resultado gerou ainda mais incerteza e tirou o incentivo dos compradores de ações, devido ao descasamento no preço do índice futuro e do mercado à vista. Mais de 10 corretoras não tinham fundos suficientes para cobrir a margem de garantia de 1 único cliente. 

O Federal Reserve interveio no mercado, injetou liquidez através de recompras de títulos, convencendo bancos a darem garantias para não deixarem as corretoras de valores quebrarem. 

Devido este crash da segunda-feira negra de 1987, os reguladores exigiram que as bolsas de valores implementassem limites de queda que travariam as negociações de ações e contratos futuros. 

Usualmente, ao atingir uma queda de 10% há uma trava que impede negociações abaixo deste valor por cerca de alguns minutos, porém isso varia em cada país e mercado. Novas travas, usualmente mais longas, são instauradas ao atingir 12,5% ou 15% em queda, e em alguns casos ocorre a paralisação total da negociação. 

Seta vermelha caída no chão/Fonte: Freepik

Alguns analistas tentaram colocar a culpa da queda acentuada nos robôs, por serem algoritmos responsáveis pelos cálculos de risco. 

Outro aspecto apontado como combustível para a crise que ocorreu, foi uma ação do governo norte-americano de corte de juros buscando uma desvalorização cambial. 

Para muitos economistas tradicionais, a desvalorização cambial auxilia na exportação e estimula a produção doméstica. 

Para alguns, as proporções que levaram o índice Dow Jones a despencar 22,6%, são explicadas pela utilização do chamado Program Trading.

O Program trading é uma ferramenta de execução rápida de operações que, ao se deparar com as fortes baixas, aciona seguidas vendas para limitar perdas.

Outros argumentam que Hong Kong e Austrália, mercados que também desabaram, não possuíam a ferramenta tão desenvolvida. 


Também circulam teorias de que o crash foi causado por uma crise de confiança em relação ao dólar, após a quebra da bolsa de Hong Kong e a disparidade de política entre as nações desenvolvidas. 

De fato, ainda não há consenso para apontar as razões de tamanha queda, as origens deste ocorrido ainda são debatidas, com diferentes teorias tentando justificar o surpreendente. 

Consequências da Black Monday

A Black Monday acabou gerando uma série de cortes de gastos no governo dos EUA, entre outras medidas de caráter contracionista na esfera pública. 

Cada mercado criou uma estratégia específica para combater a crise, de acordo com estratégias de política monetária.