Esquema Ponzi: Uma das primeiras pirâmides financeiras
Charles Ponzi popularizou o esquema que segue até hoje fazendo novas vítimas
Alguns relatos dão conta que há registros de pirâmides financeiras ainda no século XIX, por volta de 1870 na Espanha, mas elas ganharam fama e se popularizaram no século seguinte com Charles Ponzi.
O italiano emigrou para os EUA em 1903, aos 21 anos de idade e sete anos mais tarde foram registrados os primeiros casos de pirâmide no país.
O esquema consistia em conseguir novos investidores para o negócio a fim de expandi-lo e gerar lucro para os participantes mais antigos.
Charles começou seus “investimentos” com a promessa de vender selos internacionais de diferentes países no mercado norte-americano.
Devido a rentabilidade do negócio, o esquema chamou a atenção ao redor do país e cada vez mais vieram pessoas interessadas em fazer parte do esquema investindo seu dinheiro.
Ponzi era visto pela sociedade como uma pessoa de credibilidade, já que em poucos anos estava rico, com mansões, carros caríssimos e diversas propriedades em Boston.
Mudança de vida
Por cerca de 10 anos, Ponzi conseguiu passar invisível aos olhos das investigações, mas em 1920, ao desconfiar do alto juro pago a tantas pessoas, o jornal Boston Post começou a investigar o ítalo-americano.
Após contratarem um especialista, descobriram que deveriam existir cerca de 160 milhões de cupons de selos postais em circulação, mas apenas 27 mil estavam rodando. Depois deste fato a notícia se espalhou e todos pediram o dinheiro de volta.
Charles Ponzi foi preso por diversas vezes nos EUA, mas nos anos 40 foi transferido para o Brasil e passou os últimos anos de vida na miséria, até que faleceu em 1949, no Rio de Janeiro.
Características do esquema Ponzi
O esquema se assemelha bastante ao das pirâmides financeiras comuns. Ponzi se notabilizou por entrar no mercado oferecendo juros altíssimos num curto período de tempo, e isso permanece até hoje em certos casos.
Os acordos sempre envolveram apenas investimentos, logo não havia comercialização de produtos ou serviços.
Por ser uma atividade ilícita, o esquema não possui vínculos com órgãos regulamentadores e sempre precisa de novos investidores para fazer o dinheiro girar e manter o negócio rentável para quem está no topo da pirâmide.
Nesse tipo de investimento que oferece retorno instantâneo tão rápido, a queda é algo certo, então Ponzi garantia aos interessados a devolução do dinheiro para quem se sentisse insatisfeito.
Outro fator característico de um esquema Ponzi, é a alta visibilidade e a popularidade que eles dão ao negócio, ao ponto de que façam parecer legítimos.
Casos famosos no mundo
O maior esquema Ponzi da história foi operado por Bernie Madoff, ele conseguiu por 20 anos enganar investidores, aposentados e até famosos como o diretor de cinema Steven Spielberg e a modelo Cindy Crawford.
Madoff roubou mais de 65 bilhões de dólares dos seus clientes e só foi cair do seu império durante a crise financeira de 2008, quando tentaram sacar 7 bilhões e descobriram a fraude.
Ele foi condenado por 11 crimes e teve de cumprir uma sentença de 150 anos de prisão. Em 2021, Madoff faleceu aos 82 anos na cadeia.
Em Portugal, Maria Branca dos Santos, a Dona Branca, foi uma agiota que ficou famosa por seu escândalo financeiro entre os anos 50 e 80.
Dona Branca se aproveitou da economia fraca no país e começou a oferecer uma “poupança” com juros de 10% para quem lhe confiasse o seu dinheiro para investir. O único detalhe, ela não investiu nada.
Com o crescimento rápido da sua popularidade, Dona Branca passou a ser conhecida como a “banqueira do povo”, e todos recorriam a ela caso precisassem investir ou pegar emprestado.
A fama de Dona Branca chegou ao alto escalão de Portugal e o Ministro das Finanças, Ernâni Lopes veio a público advertir os portugueses sobre a agiota.
No Brasil
Um dos casos mais famosos no país foi o do Boi Gordo, as Fazendas Reunidas Boi Gordo foi um fundo de investimento que chegou com a promessa de lucros em cima da compra, engorda e abate de gado.
Mas tudo não passava de um esquema de pirâmide, em que o dono da empresa apenas repassava parte do dinheiro dos novos investidores para os antigos.
Na época, o investimento nessa área rendia por volta de 9%/ano, mas ao colocar dinheiro no Boi Gordo, havia a promessa de um retorno de 40% em um ano e meio, ou seja, cinco vezes maior.
Os clientes chegavam por meio da alta divulgação que era feita na época, na televisão e rádio principalmente. Em 2004 a empresa decretou falência e mais de 30 mil investidores foram lesados, num valor aproximadamente de 3,9 bilhões de reais.