Plano Brady: Entenda o objetivo dessa estratégia
A série de medidas tomadas para reestruturar países endividados
Enquanto os países da América Latina estavam se desenvolvendo, haviam diversas dívidas permeando sua economia,. Dessa forma, uma série de medidas e leis foram estabelecidas para tentar fazer com que eles finalmente pudessem se desenvolver. Esse conjunto de regras ficou conhecido como Plano Brady.
O que gerou a criação do plano?
Na época em que a estratégia surgiu, diversos países, sobretudo na América Latina, se encontravam em desenvolvimento.
Além disso, esses países também estavam em crise. Esses momentos de pânico na economia podem se dar por diversos fatores, porém, o principal deles é sem dúvida a questão dos empréstimos.
Isso ocorre quando um país gasta mais dinheiro do que arrecada, fazendo com que sua única saída seja pedir dinheiro emprestado às suas instituições financeiras.
Esses bancos, por sua vez, tendem a cobrar a quantia fornecida com uma taxa adicional, os chamados juros.
Esses fatores fazem com que uma bola de neve seja gerada. Quando uma nação não tem dinheiro para sustentar seus gastos, ela precisa de mais dinheiro, e mais gastos são gerados nesse processo.
Esse fator foi um grande empecilho no processo de crescimento desses países, o que levou outras nações, como os Estados Unidos a agirem.
Dessa forma, o Plano Brady nasceu.
Como o Plano Brady foi criado?
Essa estratégia foi implementada por Nicholas F. Brady, que atuava diretamente na tesouraria do país, em 1989. Ela nasceu a partir de uma reformulação do Plano Baker, de 1985.
O Plano Brady surgiu para substituir um outro conjunto de estratégias, dessa vez, em um contexto chamado de ‘’A Crise das Dívidas do Terceiro Mundo’’.
Nessa época havia interesses de todos os lados. Primeiro haviam os países com uma dívida externa gigantesca, com o objetivo de quitá-la o mais rápido possível.
Do outro lado, existiam os investidores e acionistas inteiramente interessados nos frutos que essas dívidas podiam dar.
O que o Plano Brady fez?
Então, levando em consideração os interesses dos dois lados, os Estados Unidos estabeleceram esse conjunto de medidas.
Eles se utilizaram de sua economia, que estava muito bem na época, para criar uma possibilidade para os países devedores negociarem sua dívida externa.
Dessa forma, esse plano permite a emissão de títulos dos países em desenvolvimento para estrangeiros comprarem.
Esses títulos ficaram conhecidos como Brady Points, e eram de natureza de renda fixa.
O sistema de emissão de títulos para financiar as dívidas do Brasil foi reutilizado no futuro. O Tesouro Direto também foi criado com o objetivo de quitar as dívidas, mas dessa vez, as públicas. Esse sistema também só é emitido nacionalmente.
De qualquer modo, a compra desses ativos fez com que muitas das taxas envolvendo juros e dívidas desses países fossem quitadas e que os países atraíram investidores.
Plano Brady no Brasil
Apesar das vantagens que esse tipo de estratégia podia oferecer, o Brasil não foi um dos países que adotou a prática.
Levando em consideração o histórico de problemas envolvendo o país, isso só foi acontecer no ano de 1994, no governo de Itamar Franco.
Aqui, esses títulos ficaram conhecidos como bradies.
Esses títulos geraram uma grande parcela de lucro para o país. Inicialmente, os lucros gerados pelo Plano Brady teriam validade no Brasil até o ano de 2024, porém, no ano de 2006 foi feita a recompra da quantia.
No entanto, no curto período em que entrou em vigor, esse conjunto de regras foi de extremo proveito para o Brasil.
Por conta disso, houve uma melhora na taxa de inflação e no quadro de comércio exterior do país.
Mesmo com a demora da adesão por parte do governo brasileiro, o Plano Brady teve um grande apoio do FMI, o Fundo Monetário Internacional.
O que é o Fundo Monetário Internacional?
Um dos principais agentes por trás do Plano Brady, o FMI possui influência sobre a economia mundial. Esse fundo tem como objetivo gerir as relações e o estado da economia mundial.
O FMI se originou em 1944, com a união de 29 países, contando com o Brasil. Essa junção se deu pelo comprometimento dessas nações em manter um ambiente saudável no âmbito mercadológico do mundo.
Atualmente, contando com 189 países, ele prevê a estabilidade e o desenvolvimento financeiro para os países.
A contribuição de cada nação se dá pela quantidade de suas riquezas. Quanto mais rico um país é, maior será a sua parcela de participação. Do mesmo modo, quanto menor forem as suas riquezas, menor uma menor parte será atribuída ao país
Nos dias de hoje, os Estados Unidos contam com a maior parcela de participação, sediando o fundo em Washington D.C.. Já o Brasil, aparece em décimo lugar dessa lista.
Dessa maneira, o fundo foi um dos principais agentes para o desenvolvimento do plano. O FMI foi responsável pela mediação das medidas criadas pela estratégia e também providenciou o suporte financeiro para a implementação do plano Brady.
Essa foi uma das medidas cruciais para o desenvolvimento dos países, sobretudo, da América Latina. Apesar da tardia adesão do Brasil à estratégia, é fato que ela foi um dos fatores mais importantes para ajudar a administrar a situação credora do país.