Itaú BBA reduz preço-alvo das ações do Mercado Livre (MELI34)
A expectativa é de um menor ritmo de crescimento para companhia nos próximos anos
Em relatório distribuído nesta quarta-feira (25), os analistas do Itaú BBA reduziram o preço-alvo do e-commerce Mercado Livre (MELI34) em 37,7%.
Ao reconhecer uma queda no ritmo de crescimento da companhia, a redução também atingiu as quantias de lucro líquido projetadas para este ano e para 2023.
Redução nas projeções
Considerando a alta nos níveis de inadimplência e do recuo do crescimento do e-commerce, o Itaú BBA reduziu o preço-alvo de suas ações em 30%, indo de US$ 1.573 para US$ 1.100. Segundo seus analistas, “A revisão de nossas estimativas está relacionada à desaceleração global do crescimento do comércio eletrônico após a reabertura da economia. Como resultado, esperamos um caminho mais gradual em direção à penetração digital no Brasil”.
Dessa maneira, também é esperada uma redução no ritmo de crescimento do volume geral de vendas (GMV) da varejista no Brasil até 2024.
A projeção do Banco de Investimentos para o crescimento das vendas do Mercado Livre nos próximos anos foi de 14% nos anos de 2022 e 2023 e de 13% em 2024. Antes da redução, a previsão para essas taxas eram, respectivamente, de 22%, 20% e 19%.
A redução de sua projeção para o lucro líquido da companhia até o final do ano foi de 37,7%, permanecendo em US$ 383 milhões. A quantia para 2023, por sua vez, foi reduzida em 27,6%, atingindo os US$ 611 milhões.
Em sua análise, o Itaú BBA destacou o aumento na inadimplência, gerando uma desaceleração na originação de crédito por parte do Mercado Livre. No mês de abril, a taxa de inadimplentes subiu para 24% em comparação aos 19% registrados em fevereiro deste ano.
No entanto, apesar de piorar suas expectativas em relação ao e-commerce a curto-prazo, o Itaú BBA permanece com boas projeções para a companhia no longo-prazo. Em relatório, o banco de investimentos destacou: “Esperamos que o Mercado Livre continue a acelerar a monetização de sua plataforma, reforçando sua posição de liderança no espaço de e-commerce na América Latina.”
A carteira de crédito da companhia apresentou, em abril, uma alta de 7% na comparação mensal, atingindo aos R$ 4,8 bilhões. No entanto, a média de crescimento mensal no último semestre foi, no entanto, de 8%.
Os analistas do Itaú BBA analisaram, também, uma redução na qualidade do crédito em função do aumento da carteira no período. Segundo o banco de investimentos, “Iremos continuar a monitorar essas tendências, uma vez que – com base em nossas conversas com investidores – a deterioração na qualidade de crédito é um risco-chave para a tese”.
Depois da distribuição do relatório, as ações do Mercado Livre apresentaram uma alta no dia de hoje. Dessa maneira, seus ativos somaram às 15:32 horas (Horário de Brasília) uma alta de 3,21% atingindo os R$ 29,22.
Com a previsão de que a plataforma de e-commerce continue a acelerar sua monetização, o Itaú BBA continua com a sua classificação de outperform, isto é, apresenta um desempenho melhor em relação ao mercado analisado, para as ações do mercado livre.
Mercado Livre e as vendas irregulares
Além da ligeira alta na taxa de inadimplência em relação à sua carteira de crédito, a companhia vem lutando, também, contra as vendas irregulares em sua plataforma. Na última quarta-feira (18), a companhia publicou seu Relatório de Transparência na América Latina.
Nela, o Mercado Livre destacou suas medidas para a redução de anúncios irregulares em sua plataforma. Esses produtos apresentam falhas, seja em segurança, proteção de identidade e direitos de propriedade intelectual e nos requerimentos de informações. Segundo a companhia, 6 milhões desses anúncios foram removidos.
Essa quantia representa cerca de 1% dos mais de 585 milhões de produtos anunciados em seu e-commerce. Na comparação semestral, a quantidade de anúncios a serem moderados apresentou uma queda de 27%.