Ibovespa sobe quase 1%, no maior nível desde 20/4
A leitura sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre no Brasil melhorou, ainda que marginalmente, as expectativas de crescimento para o ano, contribuindo para o avanço visto no Ibovespa desde a manhã, que se acentuou à tarde em paralelo às referências de Nova York, também em sucessivas máximas de sessão no período vespertino.
Ao fim, no maior nível de fechamento desde 20 de abril (114.343,78), o índice da B3 mostrava ganho de 0,93%, aos 112.392,91 pontos, entre mínima de 111.218,20 e máxima de 112.708,96, saindo de abertura a 111.363,07 pontos.
Moderado, o giro financeiro foi de R$ 24,5 bilhões. Na semana, o Ibovespa ganha 0,40%, e 0,94% nestas duas primeiras sessões de junho – no ano, sobe 7,22%.
“O PIB brasileiro cresceu 1% no 1T22, abaixo de 1,2% esperado. A principal contribuição para a surpresa negativa do lado da oferta veio do setor de serviços e, do lado da demanda, veio do consumo das famílias”, aponta Igor Barenboim, sócio e economista-chefe da Reach Capital.
“Com o dado de hoje, se o PIB crescer zero nos próximos trimestres do ano, fechamos o ano com crescimento de 1,5%. Esperamos que o PIB cresça no 2T22 com a continuação da reabertura da economia, retomada do emprego, liberação do FGTS e antecipação do 13º salário do INSS.”
“A partir do terceiro trimestre esses impulsos devem arrefecer e o juro alto começar a pesar mais. Com isso esperamos um crescimento de 1,9% para o ano fechado de 2022”, acrescenta o economista-chefe da Reach Capital.
PIB brasileiro
Por sua vez, o BNP Paribas elevou projeção para o crescimento econômico do Brasil na esteira do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre, indicando uma melhor recuperação.
A estimativa é que o PIB fechado do ano cresça 1,5%, e não mais caia 0,5% como previsto anteriormente. No entanto, a expectativa para o PIB de 2023 foi mantida em variação zero pelo BNP.
Para o Barclays, embora a análise seja “mais construtiva” em relação ao crescimento no primeiro semestre deste ano, a postura cada vez mais restritiva do Banco Central é um contrapeso para a segunda metade de 2022.
Em relatório, o banco aponta que a pressão sobre o núcleo da inflação pode levar a Selic para um patamar ainda mais alto que o estimado nesta quinta pelo banco, em 13,25%, reporta a jornalista Barbara Nascimento, do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
“Ainda que abaixo do esperado, o dado (do PIB) parece ter agradado o mercado, com o Ibovespa, em dia otimista, acompanhando as bolsas mundiais e retomando a alta.
O avanço do minério de ferro manteve aquecida a demanda pelos papéis do setor de siderurgia e mineração, que negociam com múltiplos atrativos, e responderam por mais um pregão de ganhos”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.
Nos Estados Unidos, o apetite por risco visto na quinta-feira decorreu em parte da expectativa para o relatório oficial sobre o trabalho, na sexta-feira, do qual parte do mercado financeiro aguarda “uma demanda de mão de obra mais fria, o que pode aliviar um pouco as preocupações com a inflação”, aponta em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York.
Reunião da Opep+
Outro destaque do dia no exterior foi a reunião da Opep+, com resultado não muito distante do esperado, sem efeito adicional sobre os preços do petróleo. “Os sauditas conseguiram novamente.
Aumentaram as metas de produção sem provocar um colapso nos preços do petróleo. O mercado ainda permanecerá apertado, dado que o aumento da produção é modesto. As altas para julho e agosto serão 50% maiores, com 648.000 bpd.
O plano original, de 430.000 bpd de (aumento da) produção, não estava fazendo o trabalho. Com a situação da covid-19 na China e a flexibilização dos bloqueios, foi fácil justificar um aumento nesta reunião”, conclui o analista.
Assim, as cotações do petróleo mostraram variação comportada nesta quinta-feira, pouco acima de 1% de ganho, com o Brent para agosto na faixa de US$ 117,6 por barril.
Ainda assim, o dia foi mais uma vez negativo para as ações de Petrobras (ON -0,93%, PN -0,87%), com a incerteza sobre a sustentabilidade da política de paridade internacional de preços, que já vinha em espaçamento em razão das pressões políticas em momento de inflação em alta e de aproximação das eleições.
Nesta quinta, a Petrobras anunciou reajuste de 11,4% no preço do querosene de aviação (QAV) em relação a maio, segundo dados da empresa compilados pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
No acumulado do ano até a quarta-feira, o combustível acumula alta de 64,3%, informou a entidade, ressaltando que o QAV corresponde a mais de um terço dos custos totais das companhias aéreas.
Por outro lado, as ações de Vale (ON +1,88%) e das siderúrgicas (Usiminas PNA +5,24%, CSN ON +3,52%) continuam a se beneficiar da retomada dos preços do minério de ferro, em alta de 3,86%, a US$ 141,15 por tonelada, no fechamento desta quinta-feira em Qingdao, China.
Assim, com o apoio das commodities metálicas, o Ibovespa conseguiu evitar perdas pelo terceiro dia e obteve seu melhor desempenho em porcentual desde o último dia 26, nesta quinta-feira sem sinal único para as ações do setor financeiro (Unit do Santander -1,12%, Itaú PN +0,43%), o de maior peso no índice.
Na ponta do Ibovespa, destaque para Positivo (+15,33%), CSN Mineração (+9,28%) e Locaweb (+8,73%). No lado oposto, IRB (-3,33%), Eneva (-3,07%) e Localiza (-1,92%).
*Com Estadão Conteúdo