Barkin vê inflação elevada nos EUA, com base disseminada e persistente
Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Richmond, Tom Barkin afirmou nesta terça-feira, 21, que a inflação nos Estados Unidos “está elevada, é de base disseminada e persistente”, por isso a necessidade de aperto monetário.
Durante evento virtual da National Association for Business Economics (Nabe), ele disse que o crescimento “pronunciado” da inflação no último mês e também o avanço das expectativas para os preços fizeram com que o Fed tenha elevado os juros em 75 pontos-base na semana passada.
Apoio de Barkin
Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Barkin disse que apoiou a alta no nível definido na semana passada e também que concordava com as palavras do presidente do Fed, Jerome Powell, na entrevista coletiva que se seguiu à reunião.
Para justificar seu apoio ao aperto monetário visto na semana passada, Barkin citou especificamente o dado mais recente do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e a pesquisa da Universidade de Michigan, que inclui leituras mensais das expectativas de inflação dos consumidores no país.
Barkin disse que o Fed precisará mostrar flexibilidade, a depender das expectativas de inflação no país. Para a reunião de julho, ele afirmou que uma elevação dos juros de 50 pontos ou de 75 pontos “parece razoável”.
Aperto monetário
Caso as expectativas tenham um recuo mais rápido, o aperto monetário poderia ser menos duro, e vice-versa, comentou. Ainda segundo ele, a redução no balanço “acrescenta um poder modesto” ao ciclo de aperto atual. De qualquer modo, a autoridade argumentou que não há motivo para deixar de subir os juros, se as leituras de inflação continuarem a avançar.
O dirigente ainda comentou que as empresas mostraram dificuldade de prever a demanda, num quadro de pandemia, apoio oficial e posteriormente retomada robusta em dado momento. Segundo ele, as cadeias de produção têm mostrado melhora em vários locais, mas ainda há problemas, que devem perdurar “por um tempo”. Ainda para Barkin, os consumidores ainda “gastam em níveis robustos” no país, mas há “algum estresse” para aqueles de mais baixa renda, diante da inflação.
Moeda digital
Barkin afirmou também que “ainda está cético” sobre a possibilidade de uma moeda digital emitida pelo banco central (CBDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Ao ser questionado em evento virtual da Nabe, ele disse que uma questão que precisa ser respondida é o que ocorreria se todos passassem a utilizar a nova opção.
Ele avaliou que seria preciso haver um modelo no qual os bancos não perdessem seu papel como intermediários. Além disso, argumentou que, para ele, na prática o dólar já funciona como uma espécie de moeda digital, já que grande parte das transações são feitas por esse meio, atualmente.
O dirigente disse concordar com o fato de que os pagamentos transacionais são ineficientes, no modelo atual, mas comentou que não necessariamente haver uma CBDC do Fed seria a solução para isso.
*Com Estadão Conteúdo.