Taxas de juros ficam estáveis, divididas entre correção técnica e pressão fiscal – ESTOA

Taxas de juros ficam estáveis, divididas entre correção técnica e pressão fiscal


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O mercado de juros percorreu a sessão desta quarta-feira dividido entre corrigir parte do avanço nas três últimas sessões e adicionar mais prêmios na curva pela elevação do risco fiscal, e o resultado foi uma alternância dos sinais de alta e baixa durante o dia.

No fechamento, os juros estavam perto dos ajustes de terça-feira, com viés de queda na ponta longa.

As taxas de juros chegaram a cair pela manhã, testando um ajuste à escalada recente após o relatório da PEC dos Combustíveis confirmar a maioria dos pontos já conhecidos e com ajuda do câmbio, mas voltaram a subir.

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Na última hora de negócios, com o dólar abaixo de R$ 5,20, zeraram a alta.


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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou estável em 13,79% e a do DI para janeiro de 2024 passou de 13,581% para 13,57%. O DI para janeiro de 2025 ficou estável em 12,875% e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 12,82% para 12,775%.

A despeito do vaivém, segue válida a leitura de que o cenário para as contas públicas é preocupante, agora com o pedido oficial de reconhecimento do estado de emergência do País na PEC abrindo espaço para gastos acima do limite do teto, apesar do discurso do governo de que as benesses estarão limitadas ao que está no texto.

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O resultado do Governo Central foi pior do que o esperado, enquanto o IGP-M de junho ficou abaixo do previsto, mas com composição ruim.

O relatório da PEC veio relativamente dentro do que estava embutido nos preços, mas não quer dizer que seja uma boa notícia.

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“Bezerra trouxe o que estava em linha com o que já se sabia, fazendo questão de frisar que o vale gás continuará sendo bimestral e não mensal, mas essa é a menor das despesas incluídas na PEC”, afirmou a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira.

Todo o resto – Auxílio Brasil de R$ 600, zeragem da fila do programa, gratuidade de transporte coletivo a idosos e Bolsa Caminhoneiro de R$ 1 mil – foi confirmado.

O impacto fiscal será de R$ 38,7 bilhões fora do teto de gastos. “Estamos pedindo licença para gastar, para atender os mais pobres”, declarou o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que garantiu “não haver hipótese” de que as medidas sejam prorrogadas para além de 2022.

A PEC pode ser votada no Senado ainda nesta quarta.

Déficit

Mesmo com o crescimento na arrecadação, as contas do Governo Central registraram déficit primário em maio, de R$ 39,356 bilhões, após superávit de R$ 28,6 bilhões em abril.

Foi o pior desempenho para o mês desde 2020, quando houve um rombo de R$ 126,635 bilhões, e também que a mediana das expectativas apuradas pelo Projeções Broadcast, de R$ 30,638 bilhões.

O risco de a expansão fiscal bater na inflação num mercado de trabalho já mais apertado também limita a devolução de prêmios na curva, sustentando a percepção de desinflação lenta nos próximos meses.

O IGP-M de junho, de 0,59%, até veio bem abaixo da mediana estimada (0,70%), mas com o IPC saltando a 0,71%, de 0,35% em maio. O INCC-M, pressionado por Mão de Obra (4,79%), subiu de 1,49% para 2,81%.

“Ainda que a elasticidade da inflação da mão de obra em junho reflita fatores sazonais, o dado mostrou variação acima do padrão, reforçando indicativos de aquecimento do mercado de trabalho”, avalia a equipe do Modalmais, liderada pelo economista Felipe Sichel.


No exterior, os juros dos Treasuries caíram, refletindo movimento de fuga para a qualidade, após leitura final do PIB americano no primeiro trimestre pior que a esperada e discursos duros contra a inflação por parte das autoridades monetárias nos Estados Unidos e Europa.

O yield da T-Note de 10 anos estava abaixo de 3,10% no fim da tarde. O dólar ganhou força em termos globais, mas no Brasil fatores técnicos protegeram o real e a moeda americana fechou em R$ 5,1920 (-1,40%).

*Com Estadão Conteúdo