Localiza (RENT3): Aquisição da Unidas pode sair R$ 1,2 bilhões mais cara
Com a decisão da CVM, o valor da compra pode se encarecer
Nesta terça-feira (05), o colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou que o financiamento proposto pela Localiza (RENT3), deverá ser concedido a todos os investidores da Unidas.
A decisão poderá fazer com que a negociação se encareça em R$ 1,2 bilhões. A questão foi levantada por gestoras que participam da transação.
Decisão da CVM
Proposta pela Localiza em conjunto ao anúncio da transação, há cerca de dois anos, a oferta previa a concessão de uma linha de financiamento que somasse até 20% das ações incorporadas aos acionistas da Unidas.
A quantia em questão seria repassada em até cinco anos, com um custo de 3,5% ao ano. Porém, no fim do último mês, quando os fundos envolvidos nas negociações foram solicitar o financiamento, a companhia de locação alegou que a legislação de fundos não permitia a contratação dos empréstimos.
Dessa forma, um grupo formado pelas gestoras Verde, Atmos, Dynamo, Helius Capital, Sharp e Vinland solicitaram à Comissão de Valores Mobiliários a dispensa da lei em questão.
Em discussão com o órgão, a Localiza afirmou que considerava a disponibilidade da linha de financiamento, desde sempre, a todos os investidores, considerando as limitações legais.
Além disso, a companhia afirmou que, de acordo com seu comunicado, o financiamento servia para “financiar” os acionistas, fazendo com que eles pudessem arcar com os custos tributários da aquisição da Unidas.
Com a versão apresentada à CVM, o grupo de gestoras destacou que o bloqueio parcial do provento anunciado não apresentaria condições igualitárias aos acionistas, representando um tratamento “distinto” aos investidores em função das tributações.
Considerando as duas manifestações acerca do assunto, o colegiado da Comissão de Valores Mobiliários em conjunto à sua área técnica, deram razão aos acionistas minoritários, determinando seu acesso à linha de financiamento apresentada pela Localiza.
Dessa maneira, a dispensa regulatória para a contratação de crédito foi concedida. A principal razão considerada pelo órgão foi o argumento apresentado pelo grupo de gestoras, que afirmaram que o financiamento era uma parte da negociação.
Após a decisão da CVM, as ações da Localiza apresentaram valorizações nesta quarta-feira (06). Seus ativos somaram às 14:31 horas (Horário de Brasília) uma alta de 1,33%, atingindo os R$ 52,71.
No período de seis meses, seus títulos se valorizaram em 5,77%. Em um ano, porém, a empresa apresentou uma desvalorização de 16,16%.
A medida, então, deve aumentar o preço da aquisição em cerca de R$ 1,2 bilhão, considerando, também, o aumento das taxas de juros entre a apresentação da proposta e o fechamento da venda, que foram de 2% para 13,25%.
Além disso, no início das negociações, a Localiza afirmou que os investidores da Unidas receberiam, também, o montante de R$ 425 milhões em dividendos ao fim da venda.
Preço-alvo das ações
Com o firmamento da negociação, o Banco de Investimentos JP Morgan revisou suas expectativas para as ações da Localiza, aumentando o preço-alvo dos papéis de R$ 60 para R$ 65 até o fim de 2022.
Além disso, na avaliação do JP Morgan, a companhia pode atingir um lucro de R$ 400 milhões considerando as sinergias da fusão a partir de 2021.
Cancelamento da listagem da Unidas na B3
Em decorrência do fechamento das negociações envolvendo as companhias, a Unidas anunciou o cancelamento de sua listagem na Bolsa de Valores brasileira, a B3.
A decisão foi divulgada em Fato Relevante enviado ao mercado nesta segunda-feira (04), e também previu a alteração do registro da companhia perante a Comissão de Valores Mobiliários de emissor categoria “A” para emissor categoria “B”.
A medida foi, ainda, decidida em Assembleia Geral Extraordinária. No documento, a Unidas afirma manter submeter os pedidos à CVM e à B3, além de manter o mercado devidamente informado.