Força-tarefa da Coreia do Sul realiza busca e apreensão na casa de cofundador da Terraform Labs
Uma força-tarefa conjunta da Coreia do Sul realizou uma operação de busca e apreensão na casa de Daniel Shin, cofundador da Terraform Labs.
De acordo com notícia da Bloomberg, a operação tem como objetivo analisar uma possível evasão fiscal de empresas ligadas a Shin.
Os investigadores procuraram e descobriram algumas evidências de má conduta por parte dos funcionários da Terraform.
Nesse sentido, há suspeitas de que houveram várias transferências de fundos para empresas ligadas a Do Kwon, outro cofundador da Terraform.
O objetivo das operações, de acordo com a força-tarefa, seria evadir impostos e lavar recursos. Para investigar as acusações, o grupo também decidiu examinar as empresas de Shin.
Força-tarefa conjunta
As incursões foram conduzidas pela Equipe de Investigação de Crimes Financeiros e de Valores Mobiliários da Coreia.
Mas os imóveis de Shin foram apenas parte da incursão, já que a força-tarefa também realizou buscas em várias outras empresas.
Conforme relatou a mídia sul-coreana, as autoridades detectaram um fluxo suspeito de dinheiro por meio de uma subsidiária das empresas de Shin, a Flexi Corporation.
O fluxo estava relacionado com empresas ligadas a Kwon, o que despertou suspeitas a respeito de má conduta.
No total, as incursões atingiram 15 locais, incluindo exchange famosas na Coreia do Sul como a Upbit, Coinone e a gigante Bithumb.
Outras quatro exchanges também receberam visitas das autoridades, mas relacionadas a um caso de fraude durante o colapso da TerraUSD (UST) e Luna Classic (LUNC).
Sobre esta acusação, a empresa de segurança Uppsala Security analisou a carteira ligada ao colapso da UST.
Conforme noticiou o CriptoFácil, a Uppsala identificou a Terraform ou a Luna Foundation Guard (LFG) como donas desta carteira, logo, despertando suspeitas sobre uma possível sabotagem interna.
Shin e Kwon, que se acredita estar em Cingapura, não comentaram a respeito da nova investigação.
Entenda o caso
Os dois cofundadores criaram a Terraform Labs juntos em 2018 e inicialmente dividiram a propriedade em 50% para cada um.
A ideia deles era usar a tecnologia blockchain para serviços de pagamento, mas a Coreia do Sul não tinha um regime regulatório para isso. Por isso Shin e Kwon decidiram se separar.
Em março de 2020, Shin renunciou ao cargo de CEO da Terraform Labs e reduziu sua participação na empresa.
Kwon, por sua vez, assumiu o controle e começou a expandir a blockchain Terra, que deu início ao suporte de aplicativos financeiros descentralizados.
A partir daí, a Terra cresceu exponencialmente e, no seu ápice, chegou a ocupar o Top 10 das maiores criptomoedas do mundo em valor de mercado.
Seu token LUNA (atual LUNC) e a stablecoin UST tornaram-se uma parte fundamental do projeto mais amplo de Kwon, junto com o protocolo de empréstimo Anchor.
Luna e UST
Uma premissa fundamental que sustentava o ecossistema Terra era a ancoragem da UST ao valor do dólar americano.
Ao contrário de outras stablecoins, a UST não tinha reservas de dólar, mas possuía uma mistura complexa de algoritmos que mantinham este lastro.
Era um modelo diferente de outras stablecoins como USDC, que são lastreadas em dinheiro e outros ativos líquidos.
O modelo da UST aparentava trazer uma segurança maior para a stablecoin, mas falhou em manter a sua paridade com o dólar.
A UST desmoronou no início de maio, quando uma forte liquidação afetou a paridade da stablecoin.
Sem dólares para manter seu lastro, a UST despencou mais de 70%, fazendo a LUNC virar pó e eliminando o equivalente a R$ 200 bilhões em valor de mercado.
Alguns investidores da Luna apresentaram uma queixa aos promotores sul-coreanos em maio, alegando que Kwon e sua empresa cometeram fraude e se envolveram em captação ilícita de recursos.