“Colapso da Terra foi sabotagem interna”, afirma Do Kwon – ESTOA

“Colapso da Terra foi sabotagem interna”, afirma Do Kwon


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Pela primeira vez desde o colapso da Terra (LUNA) em maio, o cofundador da rede, Do Kwon, resolveu falar sobre os acontecimentos.

A entrevista exclusiva saiu no portal Coinage e faz parte de uma série que narra o colapso da rede e da stablecoin UST.

De acordo com Kwon, o colapso da Terra não ocorreu apenas por causa dos problemas da rede, mas sim por sabotagem interna.

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Ou seja, alguém de dentro da equipe da blockchain desencadeou os eventos que levaram a rede a perder 99% de seu valor em poucos dias.


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Contudo, o cofundador da Terra também admite que o ecossistema tinha falhas, especialmente quanto ao funcionamento da UST.

Além disso, Kwon afirma que tanto a Terra quanto a UST foram vítimas da sua própria transparência, que facilitou os invasores a atacarem.

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Transferência de fundos e trabalho

Antes do colapso, a LUNA era a quarta maior criptomoeda do mundo em valor de mercado. O valor total da rede acumulava cerca de US$ 40 bilhões, ou R$ 201 bilhões em valores atuais, o que, em teoria, tornaria a Terra “grande demais para quebrar”.

O colapso começou com uma transferência de fundos entre pools de negociação na noite de 7 de maio. A transferência ocorreu nos pools da Curve, mas ocorreu sem autorização da Terra.

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Como resultado, a transação deixou o pool Curve com um desequilíbrio do lado do token LUNA. Isto é, ficaram menos LUNA no pool, o que reduziu o lastro da UST. A stablecoin, cabe lembrar, tinha como lastro o token LUNA e um algoritmo de equilíbrio.

Dentro de 13 minutos, alguns traders desconhecidos venderam US$ 200 milhões em UST. A tendência continuou na manhã seguinte, o que deixou o pool de negociação com um desequilíbrio persistente. No dia seguinte, 8 de maio, a UST caiu para US$ 0,99 e perdeu a paridade com o dólar.

Essa anomalia poderia ter sido corrigida, pois não é um fenômeno totalmente incomum. Mas, neste caso, a situação foi de mal a pior, ocasionando um dos colapsos mais rápido da história do mercado.

“O sentimento no Twitter começou a piorar. E então começou a haver mais pessoas negociando contra os pools da Curve”, lembra Kwon. As apostas contra a UST, por sua vez, derrubaram ainda mais o valor da stablecoin e do LUNA, afetando todo o ecossistema.

Sensação de impotência

Kwon sentiu-se impotente ao conter o ataque, enquanto sua equipe executiva estava voando para Cingapura para participar de uma reunião trimestral na sede da Terraform Labs (TFL). Ou seja, não havia ninguém da equipe disponível para conter a situação.

No entanto, Kwon destaca justamente dois fatores: o momento da transferência do fundo e a ausência dos principais executivos da Terra devido a um compromisso oficial. De acordo com o executivo, ambas as informações eram privilegiadas – somente as pessoas da TFL sabiam desses fatos.


Por isso que Kwon afirma que o ataque ocorreu com a ação direta ou a ajuda de alguém de dentro da TFL, embora ele não saiba quem pode ter executado a ação.

“As únicas pessoas que sabiam que eram funcionários da TFL. Então, se você está me perguntando se havia um insider no Terraform Labs, a resposta provavelmente é ‘sim’”, disse ele.

Problemas da UST

A entrevista trata de outras questões centrais para o colapso da rede Terra. Por exemplo, o lastro da UST, que não tinha dólares guardados em algum lugar. Ao invés disso, a rede tinha como lastro o próprio token LUNA.

No entanto, Kwon afirma que a rede tinha que solucionar um problema: por que as pessoas manterão seus dólares em UST se não houver mais nada? A resposta foi o Anchor Savings Protocol, que prometeu 20% de retorno anual para quem deixasse LUNA e UST em staking.

O protocolo catapultou o valor de mercado da Terra, mas pagava um retorno anual muito elevado. A título de comparação, os maiores bancos de países desenvolvidos pagavam juros entre 1% a 2% ao ano. Os 20% do Anchor, portanto, se mostraram inviáveis.

Havia apenas uma solução para a rede evitar uma insolvência – um fluxo contínuo de fundos para a Anchor por meio de uma adoção maior. Mas o projeto enfrentou problemas e quebrou antes que isso acontecesse.

“Quando os traders anônimos atacaram em 7 de maio, o limite da Anchor estava reduzido a apenas 45 dias. Depois disso, o protocolo precisaria de outra injeção de dinheiro. E como tudo isso estava acontecendo em uma blockchain transparente, qualquer um podia ver o fim da estrada surgindo no horizonte”, disse Kwon.

Por fim, a transparência do protocolo permitiu que todos pudessem ver a crise acontecendo, e apostassem contra o protocolo. E o colapso era inevitável.