Com a alta recente dos Fundos Imobiliários, ainda é hora de comprar?
Algo que é muito interessante e positivo em muitos investidores de Fundos Imobiliários é o acompanhamento constante do mercado. Poucos são os investimentos com tanta participação em fóruns, lives e assembleias.
Os motivos podem ser vários, mas provavelmente é em função da grande capacidade deste tipo de ativo de entregar renda de forma constante, que é, claro, um de seus grandes atrativos. A promessa de uma possível liberdade financeira por meio de Fundos Imobiliários atrai muitas pessoas e, na visão deste autor, com estudo, aportes e tempo, é sim um objetivo realizável.
Acesso facilitado a investimentos
Claro que não são todos os investidores e investidoras que acompanham como deveriam, mas o fato de que, na era da informação, nunca foi tão fácil se inteirar do dia a dia do mercado financeiro, acaba por facilitar esse grupo crescente de pessoas que acompanham de perto as variações de seus investimentos.
Como disse anteriormente, acredito que isso seja uma característica muito positiva. Entretanto, como tudo na vida, existem lados negativos e, neste artigo, citarei dois.
O primeiro lado negativo é como o nosso psicológico é construído. O cérebro humano foi programado ao longo de milhares de anos para dar maior atenção ao negativo do que ao positivo e existem livros muito interessantes sobre o assunto. Antes de continuar, recomendo os livros: Rápido e Devagar, do Daniel Kahneman e Iludidos pelo acaso, de Nassim Taleb.
E o que isso tem a ver com nossos investimentos?
Tudo.
Isso significa que quando um ativo em nossa carteira cai, nós sofremos muito mais do que ficamos felizes quando o mesmo ativo sobe.
A conclusão é a seguinte: analise os fundamentos de um ativo e não se preocupe tanto com sua variação para cima ou para baixo. Fundos Imobiliários são ativos geradores de renda. Em função de seu Payout alto (FIIs têm de distribuir pelo menos 95% do resultado financeiro por semestre), é de se esperar que o bom investidor se preocupe em aumentar a sua renda, acumulando cotas.
Lembre-se: renda variável, como o próprio termo sugere, sofre variações.
O que nos leva ao segundo lado negativo: viés de ancoragem.
Vieses são “desvios cognitivos” que distorcem nosso julgamento.
Como o cotista de Fundos Imobiliários tem como maior objetivo (ou pelo menos deveria ter), o aumento de renda, faz mais sentido que ele aporte e utilize seus dividendos para comprar mais cotas todos os meses.
Com o aumento do valor das cotas, como os investidores que passaram os últimos anos comprando “barato” utilizam desse valor como “âncora”, pode ser que decidam não comprar mais.
A verdade é que momentos como o que passamos nos últimos anos são raros e que a vida útil de um investidor de sucesso é de anos. Utilizar de um custo inicial não faz sentido, vez que os próprios ativos evoluem e a economia melhora.
Preço importa e é importante utilizarmos indicadores para achar um valor justo de um ativo.
Mas, no fim das contas, indicadores servem para minimizar os nossos vieses.
O bom investidor aprende com o passado, que é diferente de se prender nele.
-Daniel Campos
*As opiniões do colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.