O tal do Market Timing: “comprar na baixa e vender na alta” – ESTOA

O tal do Market Timing: “comprar na baixa e vender na alta”


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Muito provavelmente você já ouvir falar no Market Timing. Tentar acertar as máximas e mínimas dos preços é algo tentador, de fato. Mas a verdade é que essa estratégia pode se mostrar um tanto quanto inconsistente.

Há diversos estudos comportamentais que indicam que nosso viés de aversão à perdas nos induz a sempre tentar investir apenas quando “ações estão baratas”.

Christopher H. Browne, no seu livro The Little Book of Value Investing, conta que nunca encontrou uma estratégia de Market Timing consistente em 35 anos. A conclusão que ele chegou foi a seguinte: é melhor estar no mercado SEMPRE, investindo em ativos com potencial de retorno no longo prazo, do que adivinhar “topo” e “fundo” deles.

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A Charles Schwab foi além. Fez uma pesquisa onde foram projetadas cinco estratégias de investimento de uma mesma quantia (US$ 2 mil por ano) por um mesmo período de tempo (20 anos, entre janeiro de 2001 e dezembro de 2020), sendo o ativo em questão o S&P 500.

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O primeiro, sob a alcunha de ‘sortudo’, tinha o perfil de incrivelmente conseguir investir anualmente essa quantia de uma só vez, um aporte único no menor fechamento de cada ano.

O segundo, chamado de ‘decidido’, investia a quantia sempre no primeiro pregão do ano. O terceiro perfil, o ‘fracionário’, dividiu os U$ 2 mil em 12 aportes mensais. E por fim, o ‘pé frio’, que investia num aporte único sempre no topo de cada ano (um último perfil, o ‘cauteloso’, foi adicionado para se observar como teria sido seu acúmulo de patrimônio investindo apenas em renda fixa).

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O resultado do estudo mostra o que Browne já tinha constatado: o custo de ficar esperando o momento ideal para investir costuma ser bem maior que o benefício de acertar na mosca. Ao final de 20 anos, os perfis acumularam US$ 151.371, US$ 135.471, US$ 134.856, US$ 121.171 e US$ 44.438, respectivamente.
O rendimento do ‘sortudo’ ficou quase 12% a mais no acumulado dos 20 anos, o que nos faz perceber que a vantagem de entrar sempre no melhor pregão do ano não é tão grande assim e que investir, mesmo no pior cenário, é melhor do que não investir nada.

A Schwab inclusive rodou esse estudo em 76 janelas de 20 anos diferentes, entre 1926 até 2020, e por 66 janelas a conclusão foi semelhante.

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Por mais que no Brasil a renda fixa historicamente seja mais atrativa que nos EUA (onde a pesquisa foi feita), o que podemos tirar de aprendizado é que nós devemos estar sempre investindo no nosso futuro.


O pior cenário, dentre os cinco perfis do estudo, é o sexto que incluo agora: esperar indefinidamente.

Trazendo para a área na qual eu vivencio no meu dia-a-dia, a Previdência Privada, a questão do market timing é ainda melhor mitigada com a possibilidade de o investidor cadastrar um aporte mensal via débito automático.

Isso inclusive ajuda na disciplina durante a longa fase de acúmulo patrimonial. Mas esse é um assunto para um próximo artigo! Até mais!

-Eduardo Buys

*As opiniões do colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.