O que é racional nos investimentos, nem sempre é razoável – ESTOA

O que é racional nos investimentos, nem sempre é razoável


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“A parte mais importante de um plano é ter um plano para quando o plano não estiver saindo de acordo com o plano.” (HOUSEL, Morgan)

Terminando de ler o livro Psicologia Financeira, do Morgan Housel, é compreensível o porquê de ser um livro tão recomendado por especialistas no mercado de investimentos.

Dentre os ensinamentos do livro, talvez o mais importante seja o reconhecimento de que o ser humano não é uma máquina fria de cálculos, que possui todas as informações e toma as melhores decisões racionalmente o tempo todo.

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Racional x Razoável

Somos, na verdade, movidos a emoções e sentimentos, ponderando não apenas o que pode se ver nas planilhas, mas também a realidade ao nosso redor.

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Pode-se muito bem chegar à conclusão, matematicamente, que, no longo prazo, é mais interessante para o investidor não possuir um imóvel próprio e utilizar esse valor para entrar na bolsa de valores, aumentando, assim, o retorno total no longo prazo.

Entretanto, tão importante quanto a matemática racional é saber se sua estratégia de longo prazo é razoável.

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É razoável pensar que um pai de dois filhos, ao ver suas economias de uma vida despencando em função de um evento qualquer na bolsa de valores, continue aportando seu salário sem se afetar?

Agora, imagine sua sensação se este pai vendeu seu único imóvel para aportar tudo na bolsa de valores?

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Influenciadores e analistas que desconsideram o psicológico dos investidores estão provavelmente desconsiderando o mais importante, que é o comportamento.

É razoável supor que os investidores bem sucedidos são aqueles que perduram ao longo do tempo, aportando e economizando durante anos, deixando a composição dos juros compostos fazerem efeito. Além disso, a sobrevivência é o que mais importa, pois em momentos de escassez de capital e de incerteza é quando as melhores oportunidades aparecem. Deve-se ter um plano, para quando o plano não sai como planejado.

Para isso, o melhor teste é o “teste do travesseiro”. É bastante simples, mas poderoso.

Basta o investidor dormir tranquilo à noite. Simples assim.


É a partir do comportamento e do tempo que se faz fortuna, já que fortuna é aquilo que não se vê, é difícil se inspirar para conseguir algo que não está imediatamente disponível (investir é deixar de aproveitar hoje, para ter mais no futuro).

Assim, estratégias mais simples como, por exemplo, ter um percentual em renda fixa e renda variável, ter um imóvel próprio quitado e uma reserva de emergência para imprevistos (que provavelmente vão acontecer com todas as pessoas), podem levar um investidor muito mais longe do que um plano lindamente planejado em uma planilha, mas que não seja razoável.

Por fim, mas não menos importante, é importante que se mantenha humilde diante de ganhos e que não se martirize tanto diante das perdas, até mesmo porque, a única coisa que temos um controle maior é sobre quanto poupamos e não quanto retorno terão nossos investimentos.

-Daniel Campos

*As opiniões do colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.