Após 44 dias, Liz Truss renuncia ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido
Em meio à crise, premiê teve o mandato mais curto da história
Na manhã desta quinta-feira (20), a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, renunciou ao seu cargo depois de enfrentar momentos turbulentos no cargo nas últimas semanas. A premiê que foi eleita em 6 de setembro como substituta de Boris Johnson ficou apenas 44 dias no poder.
O mandato de Liz Truss, que foi recheado de atritos, também entrou para a história como o mais curto desde 1834 quando o então primeiro-ministro Arthur Wellesley foi deposto com apenas 23 dias no comando.
Turbulências no cargo
A chegada de Truss ao cargo de primeira-ministra aconteceu após Boris Johnson renunciar ao seu posto depois de uma grave crise política por causa de um escândalo sexual envolvendo um de seus aliados. Além disso, o premiê também foi flagrado promovendo festas durante os períodos mais restritos de lockdown em meio a pandemia.
A premiê se tornou a terceira mulher a assumir o cargo em setembro, ao lado de Theresa May e Margaret Thatcher (a quem Truss admirava como líder). No entanto, em meio às crises enfrentadas pelo Reino Unido e desconfianças no seu próprio partido, Truss não resistiu à pressão.
Integrante do Partido Conservador, a britânica assumiu o poder em meio a um cenário complexo na então Terra da Rainha. As maiores dificuldades enfrentadas ao longo do seu mandato foram os altos preços de energia e a inflação elevada a patamares mais altos do que o costume no Reino Unido.
Logo, o maior objetivo de Truss que a fez concorrer pelo cargo era retomar a economia do país a ponto de ter um crescimento em larga escala. Os ideais da conservadora fizeram com que ela conquistasse a maioria dos votos.
Revés de Liz Truss
Para colocar essa ideia em prática, a premiê britânica teve de elaborar um plano econômico ousado ao lado de Kwasi Kwarteng, ministro das finanças, para tentar estimular a economia britânica. O único porém, foi a forte reação negativa que Truss enfrentou depois de mostrar o seu programa.
O planejamento para o “mini-orçamento” apresentado por Liz Truss previa uma série de cortes, que poderiam acarretar em 45 bilhões de libras em cortes de impostos. Além disso, estava prevista a realização de empréstimos para cobrir os déficits nas contas públicas.
Por sua vez, a resposta recebida pela primeira-ministra não foi a esperada, e fez com que a libra esterlina caísse para o seu menor patamar da história em relação ao dólar, chegando a ficar mais barata do que a moeda norte-americana pela primeira vez em 37 anos, com isso o Banco da Inglaterra teve de intervir.
O cenário que já era conturbado acabou se agravando com a renúncia de dois de seus ministros em menos de uma semana, o que causou mais problemas para a credibilidade de Liz Truss. O primeiro foi o ministro das finanças Kwasi Kwarteng que renunciou ao seu cargo e deu lugar a Jeremy Hunt, que optou por refazer o planejamento anterior.
Após Kwarteng, foi a vez da ministra do Interior, Suella Braverman renunciar ao seu posto na manhã de ontem, após a revelação de que ela havia usado um e-mail pessoal para divulgar informações de documentos oficiais.
As renúncias fizeram com que Truss perdesse cada vez mais credibilidade e gerasse dezenas de pedidos de membros do Partido Conservador e de outros parlamentares para que a ministra renunciasse.
Novos candidatos
Apesar de Liz Truss ter renunciado ao seu cargo de primeira-ministra, a britânica afirmou que permanecerá no posto até que sejam convocadas novas eleições para a escolha do seu substituto.
É esperado que o Partido Conservador escolha o novo premiê até o dia 28 de outubro. Entre os nomes mais cotados para assumir o cargo estão: Rishi Sunak, ex-ministro de finanças do Reino Unido e que já havia concorrido contra Truss; Penny Mordaunt, ex-secretária de defesa; e o ex-primeiro-ministro Boris Johnson, que apesar da série de escândalos também deve entrar na disputa.