BDRs e porquê não?
BDRs ou Brazilian Depositary Receipts, são na verdade recibos ou certificados emitidos por Bancos Brasileiros lastreados por ações estrangeiras. Essas ações ficam em custódia em outras instituições, as quais geralmente estão nos mesmos países das empresas em questão.
O que ocorre de fato é que o Banco Brasileiro vai ficar responsável por ser o custodiante do recibo e também é responsável por verificar se o Banco Internacional bloqueou as ações para lastrear as operações por aqui.
Não entendeu? Vamos esclarecer um pouco as coisas sobre as BDRs.
O Banco Brasileiro compra as ações da empresa a qual você deseja investir, porém ele coloca as mesmas em uma conta específica no exterior e essas ficam desta forma bloqueadas para serem negociadas aqui.
Ou seja, o que você compra não são as ações das empresas em si, mas os certificados das ações.
Outro dado importante é que não é necessário comprar uma ação inteira, mas as frações dela. Por exemplo, para cada ação você tem 20 BDR’s, pois cada BDR te dá o direito a uma quantidade de ações e não necessariamente será uma BDR para uma ação.
Porém é importante salientar que quando você adquire uma BDR você passa a ter os mesmo direitos por exemplo, à dividendos do que as próprias ações adquiridas no exterior.
A questão é que poucas pessoas conhecem de fato as BDR’s, tendo assim uma quantidade pequena de pessoas dispostas a investir nessa modalidade, e o resultado é que ela se torna pouco líquida.
Além disso, é claro de continuar exposto ao risco Brasil (afinal o seu dinheiro continua por aqui) e dessa forma, exposto as mudanças na legislação e das políticas de governos ou qualquer outro tipo de interferência, outro ponto importante para se refletir é a ausência na faixa de isenção de I.R. para ganho de capital e também existe um desconto (retenção) no recebimento dos dividendos ao ser repassado para o investidor.
Também precisamos refletir que existe um risco implícito nessa operação, ou seja um risco adicional já que para ser possível as BDR’s existirem como já disse anteriormente é preciso de um Banco e então precisamos considerar também o risco do Banco Brasileiro (apesar de serem considerados muito seguros) onde está depositado as mesmas, e por isso fica a pergunta – e se esse Banco Falir?
Diferentemente de quando falamos em ações por exemplo, onde temos as corretoras apenas como intermediária da operação ficando todos os investimentos registrados no seu CPF na Bolsa de valores e custodiadas na CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia.
Por outro lado, para que seja possível investir diretamente nas ações das próprias empresas no exterior é preciso abrir conta em uma corretora específica para essa finalidade e operações sendo assim, também é importante fazer as seguintes considerações:
- Incluiremos uma outra conta em corretora para cuidar, além é claro de acrescentar uma dificuldade adicional que é a língua estrangeira (para comprar ações é preciso estudar e todas as informações estão em inglês).
- Possuem regras diferentes das brasileiras, como por exemplo, fazer a declaração do I.R. que deve ser conforme as normas de cada país.
- É preciso fazer o câmbio, (e você pode também ganhar nessa transação, ou perder) ou seja, transformar reais em dólar ou na moeda que estiver sendo feito o investimento.
- Acompanhar o cenário político – econômico do país em questão e outras informações pertinentes a empresas investidas.
Enfim, a busca por dinheiro existe a séculos, mas a ideia de facilidade fica cada vez mais inverídica.
-Carla Bichuette
*As opiniões do colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.