Diretor do Banco Central fala sobre a expectativa de inflação em 2023
Bruno Serra disse que o Banco Central do Brasil precisa trabalhar na expectativa de meta para inflação em 2024
O diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, Bruno Serra, disse no evento da Moodys’s, nesta terça-feira (08), que o BC precisará trabalhar nas expectativas de inflação em 2023 para conseguir atingir a meta em 2024.
Bruno Serra também afirmou que a desinflação esperada para o país está em “uma linha ou melhor”, do que outros países emergentes.
O evento da Moodys’s
O diretor de Política Monetária do BC, participou de um evento da empresa de negócios, Moody’s, no qual disse que por mais que o tenha enfrentado choques inflacionários antes de outro países, devido ao fatores como a depreciação do real durante a pandemia e a crise hídrica, os fatores de devolução podem contribuir negativamente com a inflação.
Bruno Serra também disse que o aperto monetário antecipado, realizado pela autarquia, tem chances de puxar a desinflação no País, como no aperto das condições financeiras, que aparecem nos principais canais. O diretor também citou a queda na venda de varejos, que depende de mais créditos.
Em relação ao Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-10), Serra disse que a deflação mensal chegou a atingir maior número, desde 2008, deste modo ele sugere que a inflação de bens deve desacelerar, já a desinflação de serviços pode ser mais desafiadora, neste período.
A inflação ao redor do mundo
Bruno Serra disse que a inflação está acelerando em todos os países ao redor mundo, o diretor também citou que: “A gente teve vários ciclos de inflação em dois dígitos, mas desta vez foi um fenômeno global”.
De acordo com Serra, o mercado de trabalho mundial está apertado, já que o movimento de imigração durante a pandemia teve um número menor em países que dependem desse movimento na economia. Deste modo, o choque inflacionário aumentou em países como Estados Unidos, com o salário real do trabalhador norte-americano caindo para 4% na comparação anual.
“É uma perda de salário real para o americano bastante significativa”, observou Serra, para quem, agora, “há um risco enorme de pressão inflacionária via recomposição salarial nos países desenvolvidos”, afirma Serra.
A recessão de 2023
Bruno Serra disse que a Europa pode entrar em recessão em 2023, assim como também os Estados Unidos, no qual o PIB, a renda real, aumento do desemprego, ociosidade da indústria e outros indicadores, podem sofrer uma queda.
O diretor disse que a curva do Tesouro Americano , pode voltar a seu pior momento desde a pandemia, assim como a queda no valor dos investimentos. Em relação ao Brasil, Serra disse que o país pode ser “aplaudido por conseguir reverter a inflação”.
“Diria que os ativos brasileiros performaram de forma espetacular em relação ao resto do mundo”, afirma Serra.
As commodities do Brasil
Bruno Serra afirma que a pressão sobre as cadeias de produção está diminuindo, sendo que os preços das commodities podem se estabelecer no Brasil.
Por fim, Bruno Serra fez um balanço sobre o impacto da pandemia na economia do Brasil, comparando com a crise sanitária e os choques decorrentes da crise do Subprime de 2008 a 2009, no qual o risco moral referente à possibilidade de um agente econômico mudar seu comportamento de acordo com os diferentes contextos nos quais ocorrem as transações econômicas, o moral hazard.
Na pandemia, Serra disse que o grande problema foi a ruptura das cadeias globais, assim como a aceleração do consumo de bens por todo o planeta, e a desaceleração no consumo de serviços.
Bruno Serra finalizou seu discurso dizendo que a inflação respondeu a toda essa mudança na pandemia, assim como os bancos centrais reagiram com elevação, aumentando as taxas básicas de juros, devido a desaceleração da economia global. De acordo com o diretor, o mundo pode se deparar com o risco de uma recessão global puxada pelos Estados Unidos e a Europa em 2023.