Funcionários da Amazon convocam greve em mais de 40 países em meio a Black Friday
Protestos globais tem como objetivo uma melhoria nas condições de trabalho
Em uma das datas mais aguardadas pelo comércio, a Amazon (AMZO34) se vê em uma posição delicada com o anúncio de uma onda de protestos de funcionários por todo o mundo e a convocação de greve em cerca de 40 países. O movimento intitulado de “Make Amazon Pay” (em tradução livre, “fazer a Amazon pagar”), tem como objetivo melhorias trabalhistas.
A greve dos trabalhadores vem em um momento delicado para a companhia, tanto pela divulgação do balanço do terceiro trimestre, quanto pela expectativa que a Amazon colocava sobre a Black Friday.
Protestos globais contra a Amazon
As paralisações dos funcionários que trabalham nos depósitos da multinacional devem causar um impacto nas distribuições dos produtos vendidos pela companhia durante a Black Friday deste ano. Foram convocados trabalhadores de dezenas de países, entre eles, EUA, Índia, África do Sul, Japão, Reino Unido e outros países da Europa.
Ao longo dos últimos anos a Amazon vem sendo criticada inúmeras vezes pelas condições de trabalho que oferece aos seus funcionários. A ideia dos sindicatos que estão comandando a campanha “Make Amazon Pay” é conseguir uma melhoria imediata desse cenário.
De acordo com o jornal The Guardian, centenas de membros do sindicato GMB estão protestando em frente aos depósitos no Reino Unido e também no centro de distribuição localizado em Coventry. A principal reivindicação deles é o aumento salarial de € 10,50 por hora, para € 15 por hora.
O jornal, porém, noticia que essa medida pode acabar sendo prejudicial para quem participar dos atos de protesto, devido ao fato de que qualquer trabalhador dos depósitos que fizer greve durante o turno de trabalho acabará perdendo o direito a segunda parcela da bonificação anunciada pela Amazon em outubro de € 500.
Já nos EUA, a tendência é de que também haja uma série de protestos e passeatas em mais de 10 cidades, um deles sendo inclusive em frente a residência do fundador da Amazon, Jeff Bezos.
Porta-vozes da Amazon ao redor do mundo saíram em defesa da multinacional norte-americana após o anúncio das paralisações. Na Alemanha, um representante afirmou que a empresa oferece ótimos salários, benefícios e oportunidades de desenvolvimento – tudo em um ambiente de trabalho atraente e seguro.
Crise na Amazon
O panorama de crise vivido pela Amazon nos últimos meses vem se agravando ainda mais após os resultados do terceiro trimestre deste ano, quando a companhia de Bezos divulgou uma queda de 9% no lucro na comparação anual com o 3T21. O lucro líquido entre julho e setembro de 2022 foi de US$ 2,9 bilhões.
O resultado fez com que as ações da empresa despencassem na bolsa, caindo mais de 20% no pós-mercado do dia 27 de outubro, quando foi divulgado o balanço. Os impactos nas ações da companhia também podem ser vistos agora com a greve global promovida pelos trabalhadores da empresa.
Ainda que em uma intensidade muito menor, o preço dos papéis da Amazon vem caindo ao longo desta manhã de sexta-feira, sendo que às 12h20 eles eram negociados a US$ 93,92.
Série de demissões
Como forma de contornar os resultados aquém do esperado, a Amazon vem promovendo uma série de demissões de funcionários ao redor do mundo. A pouco mais de 10 dias, a companhia deu início ao plano de demitir cerca de 10 mil trabalhadores, de acordo com a agência de notícias Reuters.
No último mês, essa atitude se tornou corriqueira entre as big techs, com uma série de demissões em empresas como Meta e Google. É esperado que em 2023 haja uma nova rodada que deve afetar milhares de empregados.
Nem mesmo a Alexa, assistente de voz, que é um dos itens mais procurados no e-commerce da empresa, deve escapar. Isso pode ocorrer em virtude da divisão que toma conta do produto, a Worldwide Digital, ter tido perdas bilionárias neste ano e pelo fato da Alexa nunca ter dado um lucro significativo.