Protestos na China impactam Bolsa de Valores com grandes quedas no mercado financeiro
China enfrenta alta de COVID-19 e população organiza protestos contra as restrições do governo
As bolsas de valores europeia e norte-americana sofrem queda nesta segunda-feira(28), em meio a protestos na China contra as restrições do governo em decorrência do aumento de casos de COVID-19, assim como a falta de assistência das autoridades pelas vítimas do incêndio em Urumqi.
O índice CSI 300, no qual as bolsas de valores de Xangai e Shenzhen fazem parte, fechou com uma queda de 1,13% na China, registrando uma das maiores perdas diárias.
Os protestos na China
Na última quinta-feira (24), houve um incêndio em Urumqi, capital da região de Xinjiang, no qual 10 pessoas morreram e 9 foram feridas gravemente. Deste modo, a população chinesa organizou protestos no fim de semana, devido às restrições das autoridades chinesas que dificultaram a fuga das vítimas.
Em Pequim e Xangai, também foram organizadas manifestações contra as restrições rigorosas de COVID-19, já que o número de pessoas infectadas pela doença ultrapassou a marca de 40 mil, com 412 milhões de pessoas sendo afetadas pelas medidas de bloqueio na China continental.
As autoridades de Xinjiang, divulgaram no sábado (26), que as restrições ao coronavírus seriam suspensas “em fases”, entretanto, nas Universidades de Pequim, Xian, Nanjing, Chongqing, Chengdu, Wuhan e outras cidades.
A população chinesa organizou esses protestos contra as decisões, exigindo que o governo amenizasse as medidas da política chamada de COVID-zero, uma estratégia adotada pelo presidente Xi Jinping que impacta a bolsa de valores asiática devido ao lockdown chinês.
De acordo com o South China Morning Post, um dos maiores protestos ocorreu em Xangai, onde cerca de 300 moradores se reuniram na madrugada de domingo (27), na Middle Wulumuqi Road, em memória às vítimas de Xinjiang.
Muitos manifestantes gritavam: “Suspendam o bloqueio para Urumqi, suspenda o bloqueio para Xinjiang, suspenda o bloqueio para toda a China”, assim como também havia cartazes com frases escritas: “Urumqi, 24 de novembro, aqueles que morreram descansem em paz”.
Bolsas de valores asiáticas
Em meio aos protestos, a Bolsa de Valores em Xangai fechou com uma queda de 0,75%. Já a Bolsa de Valores de Hong Kong, Hang Seng fechou com 1,57% de queda.
O diretor executivo da K2 Asset Management, George Boubouras, disse que: “Claramente, os duros lockdowns na China vêm impactando o sentimento dos consumidores e das empresas há algum tempo, e as persistentes reduções no PIB chinês têm sido consistentes há mais de um ano, com mais por vir”.
“Os mercados não gostam de incertezas e os investidores procurarão alguns esclarecimentos sobre os protocolos de lockdown doméstico muito severos da China”, finaliza o diretor executivo da K2 Asset Management.
A bolsa de valores de Tóquio (N225) fechou com o índice em uma queda de 0,42%; em Xangai (SSEC), uma perda de 0,75%; em Seul (KS11), uma diminuição de 1,21%; Taiwan (TAIEX) com baixa de 1,50%; e Singapura (STI) com perda de 0,14%.
Bolsas de valores europeias
Os protestos na China também afetaram as Bolsas de Valores na Europa, que caiu com uma linha de perdas, devido às preocupações com o crescimento econômico.
O índice pan-europeu, STOXX 600, recuou com uma queda de 0,65%, o equivalente a 437,85 pontos. Em Londres, a bolsa do Financial Times recuou em 0,17%, já em Frankfurt (DAX) caiu em 1,09%, Paris (CAC-40) perdeu cerca de 0,70%, Madri fechou com uma queda no índice de Ftse/Mib 1,12% e em Lisboa o (PSI20) a bolsa de valores apresenta uma queda de 1,01%.
Bolsa de valores norte-americana
A bolsa de valores norte-americana, em Wall Street, abriu com uma baixa, já que as ações da Apple (AAPL34) caíram em 1,7% no pré-mercado, às 10:00 (Horário de Brasília), devido à interrupção da produção em uma fábrica chinesa. Portanto, a empresa divulgou que terá um déficit de produção de quase 6 milhões de unidades do iPhone Pro devido à agitação na fábrica de Zhengzhou da Foxconn.
O índice de Wall Street, Dow Jones Industrial Averenge (DJI), caiu em 0,21% na abertura, enquanto o S&P 500 (SPX) sofreu uma queda de 0,52% e a Nasdaq Composite (US100) recuava 0,70%, nesta manhã.
A economia na Ásia
Com os protestos ainda acontecendo no continente asiático, os contratos de minério de ferro em Singapura caíram em 3% nesta segunda-feira. Entretanto, o ingrediente siderúrgico permanece estável na Bolsa de Commodities, em Dalian, mesmo após o anúncio de um novo corte na taxa de compulsório dos bancos na China, que tem o objetivo de desacelerar a economia no país.
O petróleo também sofreu queda, de cerca de 3%, com o impacto dos protestos, que podem impedir a demanda de combustível ao redor do mundo.
De acordo com o diretor de investimentos do UBS Global Wealth Management, Mark Haefele: “Um aumento de infecções pode ampliar as interrupções da cadeia de suprimentos, com os problemas da China se espalhando para os mercados globais”.
O governo chines diz que tem tentado amenizar as medidas contra o avanço de COVID-19 no país, para que não tenha riscos da infecção se agravar, já que a chegado do inverno pode fazer com que uma nova onda de infecções se agrave, com chances de impulsionar a variante Omicron.
Na bolsa de valores brasileira, a B3, as ações de mineradoras e siderúrgicas apresentam queda, com a CSN Mineração (CMIN3) em baixa de 1,67%, às 17:28 (Horário de Brasília), enquanto as siderúrgicas registram quedas mais fortes, de cerca de 4,60% para Usiminas (USIM5) e de cerca de 0,31% para a Gerdau (GGBR4).
Por último, os manifestantes utilizaram um papel em branco, guarda-chuvas de Hong Kong, patos de borracha da Tailândia e flores de Bielorrússia como emblemas do protesto de hoje, como uma forma de crítica às restrições do governo.