Dados do IBGE indicam alta de 0,4% do PIB no 3° tri; resultado é abaixo das expectativas
Recuo da Agropecuária (0,9%) desacelera crescimento de Serviços (1,1%)
Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (1°), o PIB (Produto Interno Bruto) avançou 0,4% no terceiro trimestre de 2022 em relação ao índice do mês anterior. O resultado abaixo da expectativa foi desacelerado, principalmente, pela agropecuária.
A somatória dos bens e serviços finais produzidos de julho a setembro no Brasil seguiu a trajetória positiva consecutiva pela quinta vez, após a queda de 0,3% no segundo trimestre de 2021 e recorde desde o início da série histórica, em 1996.
Alta do PIB
A alta foi de 4,5% em relação ao quarto trimestre de 2019, dados pré-pandemia, e de 3,6% em relação ao terceiro trimestre de 2021.
Já em valores nominais, a somatória do PIB no terceiro trimestre foi R$ 2,544 trilhões.
Os dados informados pelo IBGE apontaram os setores de serviço (1,1%) e indústria (0,8%) como os principais fatores, ao mesmo tempo que o recuo foi acarretado pela inflação, alta de juros e agropecuária (0,9%). O comércio foi o único dentre a área de serviços a apresentar taxa negativa (-0,1%).
Serviços
Uma vez que o PIB é a somatória dos bens e produtos finais, a alta de 1,1% do setor de serviço corresponde a 70% do resultado do indicador, tornando-se o maior destaque do terceiro trimestre. Apesar de estar abaixo dos números registrados no segundo trimestre (1,3%) e no terceiro trimestre de 2021 (1,4%).
Entre os segmentos, outras atividades de serviços (1,4%) – que inclui alimentação e alojamento, e representa 23% do setor de serviços –, informação e comunicação (3,6%), serviços de desenvolvimento de software e internet, atividades financeiras, de seguro e serviços relacionados (1,5%) e atividades imobiliárias (1,4%) são os maiores contribuidores.
Rebeca Palis, coordenadora de contas nacionais do IBGE, explicou o impacto da retomada das atividades econômicas diante da pandemia de Covid-19: “As outras atividades de serviços já vêm se recuperando há algum tempo, com a retomada de serviços presenciais que tinham demanda represada durante a pandemia”.
O único segmento de serviços a manifestar uma taxa negativa foi o de comércio (-0,1%), que seguiu de acordo com o comportamento das famílias brasileiras.
O consumo das famílias sofreu uma queda de 1% no terceiro trimestre, contra 2,6% do segundo trimestre (abril a junho), e deve sofrer desacelerações ainda maiores, com a alta de juros.
As movimentações positivas previstas para o quarto trimestre refletem o período sazonal na economia, diante da Copa do Mundo, Black Friday, 13° salário e festas de fim de ano. O aquecimento do comércio é analisado como temporário e será fortemente afetado pela inflação, aumento da inadimplência e das taxas de juros.
Agropecuária
O leve crescimento do PIB também se deu pelo recuo da agropecuária que, pela primeira vez em três trimestres, registrou uma queda.
O setor registrou -0,9% entre os meses de julho a setembro, e um recuo de 1,5% no acumulado do ano.
“A retração é explicada pelas culturas que têm safra relevante nesse trimestre e tiveram queda de produção, como é o caso da cana-de-açúcar e de mandioca. Já no ano, o desempenho do setor é ligado aos resultados da soja, nossa principal cultura, que teve a sua produção afetada por problemas climáticos”, explicou a especialista.
Expectativas
Diante do leve crescimento, o Ministério da Economia disse que o resultado reflete a “trajetória de recuperação do crescimento” do país.
“Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o PIB cresceu 3,6%, mostrando continuidade da recuperação da atividade econômica após os efeitos da crise da pandemia. O resultado veio em linha com a mediana das expectativas de mercado”, afirmava a nota.
De acordo com estimativas do Banco Central, divulgadas na primeira metade de novembro, o PIB deve apresentar uma alta de 2,77% ao final do ano. Da mesma forma que o Boletim Focus da semana do dia 20 de novembro apontou uma expectativa de 2,8% no índice, e um crescimento de 0,7% para 2023.
Embora os dados recém divulgados não tenham afetado a projeção anual do PIB, o resultado do terceiro trimestre ficou abaixo dos valores da pesquisa realizada pela agência de notícia Reuters, que apontou uma elevação de 0,7%.