Pix é apresentado ao governo dos Estados Unidos, diz presidente do Banco Central
“Ficamos surpresos com o interesse internacional”, disse Campos Neto
Na última terça-feira (13), o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou que a ferramenta de pagamento instantâneo criada pela autoridade monetária, o Pix, foi apresentada ao governo dos Estados Unidos.
A apresentação da ferramenta ocorreu em uma reunião dos representantes do BC brasileiro com o governo norte-americano.
Pix é apresentado aos EUA
Com o objetivo de mostrar como a ferramenta funciona em solo brasileiro, o Pix foi apresentado aos EUA. “Ficamos surpresos com o interesse internacional. Fizemos eventos de cooperação técnica e abrimos protocolos para países que querem fazer Pix, de graça”, afirmou o presidente do BC.
A fala foi dita em um evento organizado pelo Poder360 e o PicPay, o Seminário “Segurança e proteção de dados no mundo digital”, ocorrido na última terça-feira das 8:30 às 12:30 horas (Horário de Brasília).
Dessa forma, durante o evento, Campos Neto também afirmou que o foco atual da autoridade monetária é a América Latina. No entanto, o Banco Central também começou a procurar países africanos, que já demandam reuniões para se familiarizar com a ferramenta, segundo o presidente.
Campos Neto deu, ainda, detalhes sobre os planos futuros para o Pix que, atualmente, é o meio de pagamento mais utilizado no Brasil. “O Pix vai ser ou já está sendo plataforma para bancos darem crédito. Uma das prioridades para 2023 é Pix automático, como débito em conta”, disse.
Durante o seminário, o presidente do BC foi questionado se a mudança de governo deve afetar, de alguma forma, os atuais projetos digitais da autoridade monetária.
Assegurando que a instituição tem autonomia e que deve continuar em sua presidência até o fim do seu mandato, até o ano de 2024, Campos Neto disse que a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não deve alterar a linha de inovações digitais do banco.
“[…] Nessa parte, na visualização do que é o futuro financeiro, vejo que é um pouco independente. Minha resposta é de que não vai mudar com o novo governo. Precisamos de melhorias”, afirmou.
Além de destacar que a digitalização é um fenômeno exponencial, o presidente da autoridade monetária confirmou que a agenda de projetos do BC foi abraçada pelos funcionários da instituição.
“Grande parte dos projetos do BC não é de um presidente ou de uma equipe, é da instituição. Eu peguei um legado muito bom do meu antecessor, que construiu vários caminhos, várias pontes”, concluiu.
O meio de pagamento mais popular no Brasil
Desde que foi lançada, a ferramenta rapidamente se tornou uma das mais utilizadas no Brasil. Em seu primeiro mês de vida, o sistema desenvolvido pelo Banco Central já havia superado o DOC (Documento de Crédito) em transferências.
O TED (Transferência Eletrônica Disponível) foi superado em janeiro de 2021. Trata-se de, apenas, dois meses de disponibilidade.
Com cerca de dois anos em atividade, o Pix já acumula R$ 12,9 trilhões em mais de 26 bilhões de transações, dados até o dia 30 de setembro deste ano.
Em fevereiro de 2022, a ferramenta já liderava os meios de pagamento disponíveis no Brasil como a mais utilizada, superando as transferências utilizando cartões de crédito e débito.
Problemas com o “Pix” norte-americano
A apresentação da ferramenta brasileira ao governo dos Estados Unidos ocorre em um momento de altas dos golpes utilizando o “Pix” norte-americano.
Chamado de Zelle, o sistema de pagamentos instantâneos é um dos diversos existentes nos EUA. Ele foi criado em 2017 e é administrado pela Early Warning Service, comandado por um conglomerado de bancos norte-americanos, como o Bank of America e o JPMorgan Chase.
Foi durante a pandemia de Covid-19, no entanto, que a ferramenta ganhou força no país, fazendo com que o número de golpes também aumentasse.
Em setembro deste ano, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, iniciou os testes do seu próprio sistema de pagamentos instantâneos, o FedNow.