Ibovespa acompanha mercado exterior e cai diante de altas nos juros e em meio ao julgamento do Orçamento Secreto
As decisões dos bancos centrais pressionaram a queda do índice
Nesta sexta-feira (16), o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, a B3, acompanhou o desempenho do mercado exterior e teve quedas durante o pregão.
Além da pressão das decisões dos bancos centrais em âmbito internacional, o medidor também foi influenciado pelas pressões políticas causadas pelo julgamento do Orçamento Secreto, que foi adiada para a próxima segunda-feira (19).
Ibovespa segue o exterior
O indicador soma às 14:30 horas (Horário de Brasília) uma queda de 1,22%, aos 102.474 pontos. O valor mínimo atingido pelo indicador, até então, foi registrado por volta das 12:35 horas, quando o Ibovespa atingiu a pontuação de 102.320 mil.
A queda do medidor foi provocada pelas incertezas acerca do cenário macroeconômico, passando por uma semana marcada por divulgações de dados e altas nas taxas de juros em uma tentativa de combater a inflação pelos Bancos Centrais dos Estados Unidos e da Europa.
Na última quarta-feira, a autoridade monetária dos EUA decidiu por aumentar a taxa de juros do país em 0,5 p.p. e desacelerar o ciclo de altas da taxa, que havia sido elevada em 0,75 p.p. por quatro vezes seguidas.
No país norte-americano, o presidente do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, Jerome Powell, afirmou que, para afrouxar a política de juros, serão necessárias mais evidências que mostrem uma clara queda nos índices inflacionários.
A alta faz com que os juros norte-americanos se estabeleçam em um intervalo de 4,25% e 4,5%, o maior em 7 anos.
Isso fez com que o principal índice de Wall Street, o S&P 500, que lista as empresas mais valiosas da bolsa, registrasse uma baixa de 1,55% às 12:50 horas (Horário de Brasília).
As incertezas sobre o cenário macroeconômico e a jornada da inflação também afetaram a zona do euro. Por lá, o desempenho negativo começou após o Banco Central Europeu, o BCE, seguir o Fed e aumentar a taxa de juros em 0,50 p.p.
Em entrevista, a presidente da autoridade monetária europeia, Christine Lagarde, não descartou que a instituição possa realizar novos aumentos nas taxas, para combater a inflação “excessivamente alta”.
“Ainda temos um longo caminho a percorrer”, disse, afirmando que o Banco Central Europeu deve “ir ainda mais longe”. A alta faz com que os juros europeus atinjam o intervalo entre 2% e 2,75%.
O aumento foi refletido de forma negativa nos principais índices das Bolsas de Valores Europeias, que também registraram quedas durante o pregão desta sexta-feira.
O Euro Stoxx 50, representante das 50 empresas com mais negociações e liquidez, fechou o dia com uma queda de 0,83%, aos € 3.804.
Outro fator de peso para o desempenho da Bolsa de Valores brasileira foi o adiamento da votação sobre a constitucionalidade da emenda de relator, conhecida como Orçamento Secreto.
Marcada para ocorrer na última quinta-feira (15), a reunião foi adiada por ultrapassar o horário estimado em função da complexidade do assunto. Ao fim do dia, o encontro encerrou-se em 5 a 4 votos pela inconstitucionalidade da medida.
Dessa forma, a votação deve voltar na próxima segunda-feira (19), com os últimos dois ministros a manifestarem seu posicionamento: Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.
Prévia da carteira do Ibovespa
Ainda nesta sexta-feira, a Bolsa de Valores brasileira publicou a segunda prévia da carteira do Ibovespa, que vigorará durante os primeiros quatro meses do ano.
De acordo com o documento publicado, o mercado de ações sinaliza que a IRB (IRBR3) deve deixar a listagem do índice. Além disso, a publicação também não incluiu a Positivo (POSI3) na lista.
Com isso, o Ibovespa passará a ser composto por 90 companhias. Nenhuma empresa ocupará o lugar das retiradas.