Comitê da Câmara dos Estados Unidos pede abertura de processos criminais contra Trump – ESTOA

Comitê da Câmara dos Estados Unidos pede abertura de processos criminais contra Trump

Ex-presidente é acusado de incitação de uma insurreição e tentativa de fraude eleitoral


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O comitê do 6 de janeiro, da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, pediu nesta segunda-feira (19) o indiciamento do ex-presidente Donald Trump por crimes referentes à obstrução de um processo do Congresso e seu papel no ataque ao Capitólio.

Responsável pela investigação da invasão ao prédio do Congresso do país, a comissão pediu a abertura de quatro processos criminais: incitação, assistência ou ajuda a insurreição; obstrução de um procedimento oficial; conspiração para fraudar os Estados Unidos; e conspiração para fazer uma declaração falsa.

A recomendação é não vinculativa, apenas uma formalidade. Portanto, o comitê não tem autoridade para abrir um processo contra Trump. A decisão cabe ao Departamento de Justiça e ao procurador-geral dos EUA, Merrick Garland.

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É a primeira vez que o Departamento da Justiça é pedido para acusar um ex-presidente de um crime.


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Sessão do comitê

Criado em julho de 2021, o comitê do 6 de janeiro trabalhou por 18 meses, analisou cerca de um milhão de documentos e escutou mais de mil testemunhas, incluindo centenas de aliados do ex-presidente. Ele é constituído por nove deputados, sete democratas e dois republicanos. 

As acusações foram tomadas na última reunião, transmitida pelos principais canais abertos de TV do país nesta segunda-feira (19).

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A sessão foi aberta pela declaração de “responsabilização dos envolvidos” do democrata Bennie Thompson, presidente do comitê. “[Trump] perdeu a eleição de 2020 e sabia disso, mas optou por tentar permanecer no cargo por meio de um esquema complexo para anular os resultados e bloquear a transferência de poder”, afirmou.

Comitê do 6 de Janeiro da Câmara dos Representantes dos EUA/Foto: Andrew Harnik/AP

Thompson criticou a tentativa de rompimento da democracia pelo ex-presidente e ressaltou que, em ordem dos EUA continuarem como um país democrático, ataques como ao Capitólio nunca mais podem acontecer.

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A deputada republicana Liz Cheney disse na decisão: “6 de janeiro de 2021 foi a primeira vez que um presidente americano recusou seu dever constitucional de transferir o poder de forma pacífica para o próximo”. Ela afirmou que o comportamento de Trump que assistia tudo na Casa Branca foi inaceitável. 

“Entre as descobertas mais vergonhosas deste comitê, estava a do presidente Trump sentado na sala de jantar do Salão Oval assistindo ao violento tumulto no Capitólio pela televisão […] Ninguém que se comporte desta forma num momento como aquele poderá ocupar um posto de autoridade no nosso país novamente, ele é inadequado para liderar.”

Invasão ao Capitólio

As acusações contra o ex-presidente são relativas à incitação do ex-presidente a seus apoiadores irem à capital dos Estados Unidos e protestarem contra a vitória do democrata Joe Biden nas eleições de 2020 sob a alegação de fraude.

No dia 6 de janeiro de 2021, dia da oficialização do resultado das urnas, milhares de eleitores invadiram o prédio do Congresso dos EUA, em Washington, contestando as eleições e a passagem de poder. Os apoiadores de Trump repetiam que a vitória de Biden havia sido resultado de fraude, invenção disseminada pelo republicano.

Protestantes dentro do Capitólio/Foto: Manuel Balce Ceneta/AP Photo

Os congressistas presentes na cerimônia dentro do Capitólio se esconderam dos centenas de extremistas armados que atacaram o plenário e vandalizaram diversos gabinetes de políticos.

A formalização foi concluída às pressas pelo presidente do Senado e pela presidente da Câmara dos Representantes.

Um policial e quatro civis morreram durante ou logo em seguida do ataque, e 140 policiais foram feridos.

No dia 13 de janeiro, oito dias após a tentativa de insurreição, a Câmara aprovou o impeachment do então presidente, contudo o processo foi impedido pelo Senado. 


Trump

Segundo o site Truth Social de Trump: “Toda essa fala sobre me processar é uma tentativa de marginalizar-me e ao Partido Republicano”.

Desde que deixou a presidência, o empresário já foi acusado de uma série de processos legais, tanto de ações relativas a seu período no governo, quanto a processos criminais e civis condizentes a seus negócios. O ex-presidente dos EUA está sob investigação por fraude, alocar documentos governamentais para fora da Casa Branca e manusear documentos ultrassecretos.

Trump anunciou neste ano sua pretensão de retornar à Casa Branca pelo Partido Republicano. Com a pré-campanha já em andamento, o ex-presidente alegou que o pedido unânime do grupo da Câmara visa entravar sua candidatura para as eleições presidenciais de 2024.