Múcio antecipa mudança no comando do Exército e Marinha
A troca nas organizações vai ocorrer antes da posse formal do novo governo
Durante a manhã desta terça-feira (27), após se reunir com o atual ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, o futuro líder do Ministério, José Múcio Monteiro, anunciou uma mudança antecipada no comando do Exército e da Marinha, durante entrevista coletiva em Brasília.
Dessa maneira, na próxima sexta-feira (30), o general Júlio Cesar de Arruda deve assumir o controle do Exército, pouco antes do governo eleito assumir formalmente a presidência.
A Marinha, por sua vez, deve concluir o processo de troca até a próxima quinta-feira (29), fazendo com que o almirante Marcos Sampaio Olsen substitua Almir Garnier Santos, também almirante.
Troca antecipada
Arruda, indicado por Múcio e pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deve substituir o atual líder da organização, Marco Antônio Freire Gomes, na próxima sexta, dois dias antes da posse formal do governo eleito, que deve ocorrer no próximo domingo (1º).
“Os comandados serão os mesmos. Eu estarei na transição. No dia 30, às 10h30, o general Freire vai sair e entregar interinamente a quem vai comandar definitivamente. É uma coisa absolutamente tranquila, não há viés político, sem nenhum problema”, disse o futuro ministro da Defesa.
A decisão reflete as preocupações do Governo de Transição de que haja um “vazio de poder” durante as primeiras horas de posse da próxima governança, além de ocorrer em função da segurança do presidente eleito.
Isso pois, no último fim de semana, durante o feriado de natal, um explosivo foi encontrado em um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília. A tentativa de ataque a bomba foi assumida por Washington de Oliveira Sousa.
Logo após a tentativa, o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou ainda nesta terça-feira (27), que a segurança da posse do futuro presidente será reforçada, contando com “100% das polícias do DF, Militar e Civil e Bombeiros […]”.
A medida, de acordo com Dino, serviria para “trazer segurança não só ao presidente da República, delegações estrangeiras e às pessoas que vão participar do evento”.
Assim, a troca antecipada pode refletir o acontecimento, além de mobilizar decisões sobre os “acampamentos de bolsonaristas”, identificados pelo futuro ministro Flávio Dino como “incubadoras de terroristas”.
A mudança na liderança da Marinha deve ser realizada entre as próximas quarta (28) e quinta-feira (29), um dia antes da troca no Exército.
O governo, no entanto, não anunciou medidas antecipadas relacionadas à Aeronáutica. Sendo assim, a passagem do poder deve ser realizada um dia após a posse formal do governo eleito, na próxima segunda-feira (2).
Acampamentos em Brasília
Durante a coletiva, o futuro ministro da Defesa identificou os acampamentos diante dos quartéis do exército, organizados contra a posse de Lula, como “pacíficos”.
Além disso, sobre o atentado a bomba, Múcio afirmou que este era um plano isolado, contando com a participação de, no máximo, mais uma ou duas pessoas além Washington de Oliveira.
Múcio falou ao lado de Flávio Dino e do atual governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Dessa maneira, Dino afirmou que, além de que vai estar trabalhando em conjunto com o futuro ministro da Defesa nas primeiras horas do próximo domingo, “não haverá vazio de poder”.
Ele também disse que, de acordo com as expectativas da Equipe de Transição, diante das instalações militares e atuação da polícia no DF, o acampamento em Brasília deve ser desmontado de forma “voluntária”.
Posse de armas no Distrito Federal
Dino também disse, ainda nesta terça, que pedirá ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que suspenda a posse de armas no Distrito Federal.
O pedido será feito no inquérito que apura os atos antidemocráticos, que tiveram início após o fim do segundo turno das eleições presidenciais, que ocorreu no dia 30 de outubro deste ano.
Para tornar a cerimônia de posse presidencial do próximo domingo mais segura, o futuro ministro deve pedir que a medida vigore até depois da posse formal.