ADRs: saiba o que é e como funciona

American Depositary Receipts ou apenas ADR, é o termo utilizado para definir certificados de ações emitidos por empresas estrangeiras nas bolsas de valores dos Estados Unidos.

Essa ferramenta é muito utilizada pelos investidores, porém, é preciso saber que a aquisição de ADRs não significa compra direta de ações, mas sim, títulos que as representam e são vendidos em dólar. 

Como funcionam as ADRs ?

Ao contrário do que muitos pensam, os ADRs não são ações, eles apenas representam suas variações ou parte delas, portanto, o preço de um ADR poderá variar de acordo com o valor, lote e fração das ações.   

O maior intuito do investidor que opera no mercado americano com ADRs, é o mesmo ao aderir ações, obter lucro com a valorização delas e receber dividendos. 

Sendo assim, as ações que acarretam os ADRs existem de fato em seus países de origem, elas precisam ficar depositadas e bloqueadas em uma instituição financeira que atua como custodiante, responsável por protegê-las.

Requisitos para uma empresa brasileira vender ações nos Estados Unidos

• Obter uma instituição depositária nos Estados Unidos para que ela compre as ações;

• Ela precisará que uma instituição custodiante, no Brasil, mantenha as ações e o bloqueio delas;

• A depositária deverá fazer a emissão dos ADRs e os repasse aos investidores.

As empresas recorrem aos recibos de ADRs pois eles estão diretamente ligados a ações, desta forma ela  consegue atingir mais investidores e ter maior liquidez sobre as ações emitidas.

Emissão de ADRs nos Estados Unidos

O órgão responsável por emitir ADRs nos Estados Unidos é uma instituição financeira que possui o nome de depositária.

Sendo esta uma instituição responsável por gerenciar a custódia de ativos financeiros, realizando a guarda dos títulos e auxiliando em suas movimentações, se responsabilizando tanto pela liquidação física dos ativos quanto financeira. 

Tipos de ADRs

Patrocinados

Os ADRs patrocinados são aqueles em que a própria empresa emissora de ações trabalha junto com o banco depositário. Neste caso, a empresa tem o interesse de que suas ações sejam negociadas no exterior. Desse modo, a companhia assume a responsabilidade de manter um fluxo de informações sobre o investimento para os investidores.

Não patrocinadas

Os ADRs não patrocinados não contam com a participação ativa da empresa. Sendo este o tipo menos comum. Pois o patrocínio costuma ser uma condição necessária para que o recibo seja listado nas bolsas.

Os ADRs também podem ser classificados por nível, de acordo com o ambiente em que está sendo feita a negociação.

Nível I: São os ADRs negociados no mercado de balcão. 

Nível II: São títulos negociados em bolsas. Nesse caso, trata-se de certificados lastreados em ações que já tinham sido emitidas anteriormente pela companhia. 

Nível III: Esses ADRs também são negociados na bolsa. No entanto, eles possuem a particularidade de que a empresa emite novas ações. 

Como investir em ADRs ?

Os brasileiros que desejam investir em ações de outros países nos Estados Unidos, optam por aderir ADRs. Dessa forma terá acesso a investimentos de diferentes países através de uma única corretora nos EUA.

Para realizar o investimento é necessário abrir uma conta em uma corretora de valores estadunidense, para quem já possui não é necessário abrir uma nova conta para investir em outros países.

Existem corretoras nos EUA que são voltadas exclusivamente para brasileiros, na qual oferecem um serviço personalizado e em português.

Esse procedimentos costuma ser simples e rápido, e após a abertura da conta e enviar o dinheiro por meio de um banco ou corretora de câmbio autorizada pelo Banco Central, você poderá operar diretamente no mercado americano

É importante lembrar que quando a operação de câmbio é fechada, o investidor paga Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) a uma alíquota de 0,38% sobre o valor. 

Vantagens dos ADRs

Entre as principais vantagens dos ADRs estão as seguintes:

Para os investidores americanos:

• Possibilidade de investir em empresas estrangeiras dentro do próprio país, sem precisar converter sua moeda ou enviar dinheiro para o exterior;

• Maior segurança jurídica, já que as empresas estrangeiras que emitem ADRs precisam se submeter a legislação financeira americana;

• Redução de custos e burocracia para investir do exterior;

• Oportunidade de diversificação em ativos internacionais.

Para as empresas estrangeiras:

• Entrada mais facilitada para o maior mercado financeiro do mundo, os Estados Unidos;

• Maior possibilidade de captação de recursos;

• Aumento na liquidez e no volume de negociação das suas ações.

Riscos

Em meio a tantas vantagens, o investidor que optar em investir em ADRs também deve considerar algumas questões além dos riscos tradicionais, sendo eles:

• Risco político

Se o país de origem do ADR possui um governo instável e baixa segurança jurídica, isso pode alterar significativamente as perspectivas financeiras da empresa.

•  Risco cambial

Como a ADR representa uma empresa estrangeira, seu desempenho está diretamente ligado à estabilidade da moeda daquele país. Ou seja, se a moeda de um país for desvalorizada, isso terá um efeito significativo em seu ADR — mesmo que a empresa tenha tido um bom desempenho.

• Risco inflacionário

O risco da inflação é uma extensão do risco cambial. Logo, se a moeda está instável e a inflação está corroendo o poder de compra no país de origem da ADR, o ativo pode se desvalorizar.

É interessante destacar, ainda, que cerca de 30 empresas brasileiras têm papéis negociados na bolsa americana, e o volume médio em transações destes ativos é de 1,3 bilhão de dólares por dia.

O Brasil é um dos principais fornecedores de ADRs para o mercado americano. Das 20 ADRs mais negociadas em todo os EUA, 6 são de empresas brasileiras.