Poupança supera inflação com primeiro ganho real em três anos
Dados apontam rentabilidade real de 2% em poupança e -68,27% em bitcoin
A poupança apresentou ganho real em 2022, após três anos consecutivos abaixo da inflação do país, segundo levantamento feito pela TradeMap. A rentabilidade real, já corrigida pela alta de preços do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi registrada em 2% neste último ano.
Como fator fundamental no cálculo da variação do investimento, a alta na Selic estimulou a superação da poupança sobre a inflação.
De acordo com os dados de Einar Rivero, da TradeMap, em 2022, dos 13 principais investimentos, cinco indicaram ganho real diante da inflação oficial.
Desde 2018, o investimento mais popular entre os brasileiros atingiu rendimentos negativos. Os valores em 2019, 2020 e 2021, descontados pela inflação de cada ano, chegaram em -0,05%, -2,30% e -6,37%, respectivamente.
Baixa nas aplicações
A inflação oficial do Brasil é medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo, o IPCA, divulgado todo mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro, o indicador teve uma alta de 0,62%, acumulando uma inflação anual de 5,79%, valor acima do projetado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Os dados foram divulgados na última terça-feira (10).
O ganho real de um investimento é determinado pelo valor do lucro ou prejuízo da aplicação, em um intervalo de tempo determinado, corrigido pela inflação oficial do mesmo período.
Enquanto a rentabilidade nominal é o valor objetivo das variações do investimento, a rentabilidade real é calculada a partir deste número nominal, descontada pela variação da inflação. Desta forma, mesmo que um investimento tenha rendido lucro, ao final do tempo de vigência da aplicação, a inflação pode ter avançado o mesmo valor.
Portanto, os investimentos que manifestaram ganhos reais em 2022 foram os que indicaram variações de lucro acima da inflação, ou seja, que superaram os valores atingidos pelo IPCA.
Em 2022, a aplicação com maior lucro real, com 7,45%, foi o IHFA, um indicador financeiro de desempenho de fundos hedge. Em seguida, o índice de dividendos IDIV (6,49%), CDI (6,24%); Ima Geral (3,66%), e por último, a poupança (2,00%).
Logo, embora indicar um retorno positivo, a poupança continua abaixo de demais aplicações de renda fixa, como o CDI, que atingiu os maiores ganhos em um indicador de renda fixa.
Já a maior queda registrada no último ano foi do bitcoin, com uma rentabilidade real de – 68,27%.
O que contribuiu para a alta da poupança em 2022
O estudo realizado pela TradeMap apresentou o auge em 2006 da poupança, com uma superação de 5,10% da inflação. Já a última alta da aplicação foi em 2018, com uma rentabilidade real de 0,85%, último ano em que a poupança superou a inflação.
Em função de ter um ganho real, a aplicação precisa ultrapassar a inflação. Desse modo, o acúmulo de 5,79%, de 2022, foi um valor mais fácil de atingir do que o registrado em 2021, quando a inflação fechou em 10,06%.
Outro fator determinante no valor da aplicação é a taxa Selic. Desde a implementação da regra, em 2012, a poupança é calculada em razão da taxa básica de juros.
Se a Selic se demonstrar igual ou abaixo de 8,5%, a rentabilidade do investimento é baseado em 70% da taxa básica de juros, mais a TR, a taxa referencial (70% da Selic + TR). Agora, quando a taxa de juros apresentar um valor acima de 8,5%, como é o valor atual (13,75%), a poupança é medida através de 0,5% do rendimento mensal mais a TR (0,5% mensal + TR).
Consequentemente, quanto maior a Selic, maior será o resultado da poupança.
Desde agosto de 2022, a taxa Selic está em 13,75%. Segundo a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que, por unanimidade, decidiu manter a maior taxa desde janeiro de 2017, que apresentava o mesmo valor.