Papéis da Americanas (AMER3) desabaram após divulgação de rombo de R$ 20 bilhões
Ex-CEO da companhia afirma que a empresa irá precisar se capitalizar para enfrentar o problema contábil
Nesta quinta-feira (12), as ações da Americanas (AMER3) despencaram na bolsa após a empresa publicar um comunicado na noite da última quarta-feira (11), informando que foram identificadas “inconsistências em lançamentos contábeis” no balanço, em valor que chega a R$ 20 bilhões.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu dois processos administrativos para investigar a varejista após o anúncio. Às 14h22 horas (horário de Brasília), as ações da Americanas desabavam 76%, a R$2,85.
Ex-presidente da companhia renuncia cargo
Sérgio Rial, ex-presidente da companhia, alega que ao chegar no cargo, demonstrou interesse em entender como melhor funcionava o que convencionalmente no mercado é chamado de risco sacado, apontado por outros como adiantamento a fornecedores, e cada banco ou credor utiliza um nome específico, “tentando dar a esse produto uma customização que na verdade não existe”.
Ele afirma que o risco sacado nada mais é do que a presença do banco na estrutura da conta fornecedor da empresa e que isso existe em diversas empresas.
A Americanas percebeu que o valor bilionário, que é referente aos primeiros nove meses de 2022 e anos anteriores, não havia sido registrado de forma apropriada nos balanços corporativos da companhia.
“A primeira grande conclusão é que não estamos falando de um número que está fora do balanço. Só que ele não está registrado apropriadamente ao longo dos últimos anos”, esclareceu Sérgio Rial.
Em conferência realizada hoje em parceria com o BTG, Rial disse que os impactos serão percebidos na conta de resultados e patrimônio líquido da empresa. Um comitê independente deverá identificar os lançamentos que parecem ter sido inconsistentes nos últimos anos. “Não sou capaz de dizer quando começou”, destacou em vídeo divulgado:
Sergio Rial deixou o cargo apenas 10 dias após tê-lo assumido. O diretor financeiro da empresa, André Covre, também renunciou, tendo tomado posse junto com Rial.
Na época do anúncio, os nomes dos dois executivos foram muito bem recebidos pelo mercado, com as ações da Americanas chegando a subir mais de 20%. Após renunciar o cargo, Rial disse que a operação é “absolutamente viável”.
O ex-CEO alega que pediu demissão porque o tamanho do que precisa ser feito não era o que ele queria num primeiro momento. No entanto, ele atuará ainda como assessor, apoiando os acionistas de referência da companhia no processo de apuração do ocorrido.
Ações da Americanas estão em leilão
Os papéis da companhia abriram em queda de 76,25%, e logo voltaram para leilão na sessão desta quinta-feira. A expectativa é de que o dia seja marcado por diversas interrupções nas negociações de (AMER3) devido às fortes oscilações.
O início das negociações dos ativos foi constantemente postergado desde às 11h em meio a forte divulgação de fatos relevantes pela companhia e ao cenário de queda extrema.
No leilão, os ativos chegaram a um preço teórico de R$ 1,20, equivalente a uma baixa de 90%. A B3 liberou um limite de baixa para os ativos de 99% neste pregão.
Entendimento do caso
As ações da Americanas derreteram como consequência do escândalo divulgado na noite de ontem, onde foi detectado pela área contábil a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem (R$ 20 bilhões), nas quais a varejista é devedora perante instituições financeiras e que não estão refletidas nas demonstrações financeiras.
O rombo foi identificado na área de fornecedores da empresa, que de acordo com especialistas do mercado, é uma das áreas em que mais problemas desse tipo podem ser identificados, já que contratos de determinados fornecedores podem ser favorecidos de forma a beneficiar outras partes.
Uma auditoria independente foi instalada para identificar e apurar os fatos.
O Ex-CEO da companhia, afirma que a empresa irá precisar se capitalizar para enfrentar o problema contábil.