BDR: entenda o conceito e como investir no exterior através deste ativo – ESTOA

BDR: entenda o conceito e como investir no exterior através deste ativo

Os BDRs são recibos de ações de outros países negociadas no Brasil


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O BDR (Brazillian Depositary Receipts) é um certificado que representa ações emitidas por empresas em outros países, mas que são negociadas no pregão da bolsa de valores do Brasil, a B3. Os BDRs funcionam como recibos dos papéis de companhias que possuem capital aberto em alguma outra bolsa de valores, como a bolsa de Nova York (NYSE) ou a bolsa de NASDAQ. 

Quem adquire um BDR, portanto, não compra diretamente as ações da empresa no exterior. Ao contrário disso, investe em títulos representativos desses papéis. Essas ações existem de fato lá fora, e precisam ficar depositadas e bloqueadas em uma instituição financeira que atua como custodiante, ou seja, que faz a guarda deles.

Para investir nesse ativo é preciso ter conta em uma corretora de valores, instituição financeira autorizada a operar no pregão. Elas recebem as ordens de compra ou de venda e executam as operações em nome dos investidores.

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O que é um GDR?

Os BDRs são um tipo de GDR (Global Depositary Receipt) o que deve ter feito muitos se perguntarem o que é um GDR. Basicamente, enquanto os BDRs são recibos de ações de outros países negociadas no Brasil, o GDR é a denominação para toda a classe de ativos que possui lastro estrangeiro.


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Isso porque não é apenas no Brasil que existem recibos de papéis de companhias estrangeiras sendo negociados em bolsa, sendo este um tipo de ativo comum do mercado de capitais. Assim, todo recibo negociado em qualquer bolsa do mundo que possui lastro estrangeiro é considerado um GDR.

O que é um ADR?

Sendo a sigla para American Depositary Receipt, esse é um ativo análogo ao recibo brasileiro, mas negociado nos Estados Unidos.

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Isso significa que todo recibo de empresa não americana que é negociado em uma bolsa de valores dos EUA é considerado um ADR. Por exemplo, existem American Depositary Receipts de ações brasileiras que possuem recibos sendo negociados na NYSE, como a Petrobras, a Vale e o Itaú Unibanco.

Como funciona um BDR e uma instituição depositária?

A negociação dos BDRs ocorre de forma equivalente aos demais valores mobiliários brasileiros, como ações e fundos imobiliários (FIIs). Eles podem inclusive, ser transacionados em bolsas de valores ou no mercado de balcão organizado, inclusive através de Home Broker das corretoras, facilitando assim a sua liquidez.

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Para que isso seja possível, os BDRs possuem uma instituição depositária, que são as empresas responsáveis por emitir os recibos no mercado para investidores brasileiros. Esta instituição, por sua vez, precisa adquirir, no exterior, os ativos que o recibo está lastreado.

Em outras palavras, para emitir BDRs de uma empresa americana no Brasil, a instituição depositária precisa adquirir as ações dessa companhia no exterior, dando lastro para o recibo. Ainda, a instituição precisa manter os papéis bloqueados no exterior, para garantir que não haja um descasamento entre o saldo do BDR e do valor mobiliário 

O passo seguinte da instituição depositária é registrar um programa de distribuição de BDRs junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Então, poderá emitir os recibos localmente, sempre atentando para que não aconteça um descasamento entre o número de ações mantidas no exterior e o dos BDRs negociados por aqui.

Ela também deverá cumprir as exigências específicas regulatórias relacionadas à emissão dos BDRs e divulgar as informações exigidas pela CVM sobre a empresa. Em junho de 2020, havia cerca de 550 BDRs disponíveis para negociação na B3. Algumas empresas emissoras são Apple (AAPL34), Amazon (AMZO34), Netflix (NFLX34), entre outras.

Conheça os tipos de BDRs e como funcionam /imagem: Reprodução

Tipos de BDR

Além de conhecer como funciona, é importante também saber que existem diferentes tipos de BDR. Isso porque esses recibos são classificados em diferentes níveis, conforme as características de divulgação de informações, distribuição, negociação e a existência, ou não, de patrocínio das empresas emissoras dos valores mobiliários objeto do certificado de depósito.

Os BDRs são divididos em duas categorias: patrocinados e não patrocinados. Sendo que dentro os patrocinados, existem subdivisões de níveis, os quais serão observados a seguir.

BDR Patrocinado

Primeiramente, existe o BDR Patrocinado, que possui como característica principal o fato de que a companhia de fora do país deve solicitar a uma instituição depositária a sua intenção de ter seus ativos negociados aqui no Brasil. Ou seja, funciona como um patrocínio.

Dessa forma, para emissão do BDR Patrocinado, a companhia emissora dos valores mobiliários no exterior deve contratar no Brasil uma instituição depositária. Esta, por sua vez, será a responsável por emitir e negociar os BDRs na bolsa brasileira.

As instituições depositárias podem emitir ou cancelar os BDR’s Patrocinados conforme a demanda dos investidores locais no mercado primário. E, por fim, esses recibos patrocinados ainda são divididos entre diferentes níveis.

BDR Nível I

O BDR Nível I são aqueles onde a companhia não precisa se registrar na CVM para que o BDR seja negociado.

Nesse caso, a compra e venda do BDR só pode ocorrer em mercado de balcão não organizado ou em outros ambientes da bolsa que forem especificamente criados para essa função.

BDR Níveis II e III

O BDR Níveis II e III têm por característica a exigência de registro da companhia emissora na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e também serem admitidos para a negociação em bolsa ou mercados de balcão organizados, o que não acontece com o Nível I.

O que difere um do outro é que o BDR patrocinado nível III é registrado na hipótese de distribuição pública simultânea no exterior e no Brasil. Dessa forma, esses dois níveis são mais interessantes para quem pretende aderir a essa modalidade de investimento.

BDR Não Patrocinado

Diferentemente daqueles que possuem patrocínio, o BDR Não Patrocinado é a modalidade em que o recibo é emitido por uma instituição depositária de maneira independente. Portanto, não há um acordo direto com a companhia emissora dos valores mobiliários em questão.

No Brasil, a instituição depositária que emite os BDR’s Não Patrocinados também se responsabiliza por divulgar ao mercado brasileiro as informações corporativas e financeiras das companhias estrangeiras emissoras das ações que estejam sendo utilizadas em seus BDRs.


Assim, as companhias estrangeiras divulgam suas informações de acordo com as regras a que estão submetidas no seu país de origem e a instituição depositária apenas acompanha e divulga essas informações no mercado brasileiro. Assim, os detentores dos BDRs passam a ter ciência dos fatos relevantes das companhias.

Código de negociação

Os BDRs são identificados na B3, através de um código de negociação, assim como acontece com ações em geral. Esse código é formado por quatro letras, que indicam a qual empresa se referem. Além disso, inclui também dois números apontando se o papel é um BDR patrocinado ou não, e de que nível.

Os códigos dos BDRs Patrocinados Nível II terminam com o número 32, enquanto os de Nível III finalizam com 33. Os BDRs Não Patrocinados podem terminar com 34 ou 35. Os Patrocinados Nível I não têm um número fixo no fim do código de negociação.

Vantagens investir em BDRs:

Comprar BDRs é uma maneira de investir em ativos com cotas listadas no exterior com relativa facilidade, e essa é considerada uma das principais vantagens do produto. 

Embora as ações de origem possam ser cotadas em dólares, euros ou outras moedas, as operações com BDRs são todas realizadas em reais e isso facilita tanto quanto também barateia o processo. Não é preciso se preocupar com taxas extras decorrentes da transferência de recursos, por exemplo.

Por conta disso, os BDRs são uma forma a mais de diversificar os investimentos. Eles permitem que o investidor tenha acesso a ações de setores que eventualmente não têm representantes brasileiros listados na B3.

Apesar das vantagens apresentadas, é preciso reconhecer que existem algumas desvantagens dos BDRs. Nesse sentido, não é à toa que muitos investidores estão migrando seus investimentos para corretoras estrangeiras.

Desvantagens de investir em BDRs:

A primeira desvantagem do BDR é a sua baixa liquidez financeira no mercado. Isso acontece porque o mercado de capitais brasileiro é menor, sendo mais limitado, com menor demanda por ativos e número de agentes negociantes.

Por isso, não é uma surpresa o fato de que os recibos de empresas estrangeiras no Brasil tenham baixa liquidez. Portanto, com exceção de alguns BDRs mais negociados, a maior parte desses ativos possuem um volume de negociação muito baixo, o que pode prejudicar, e muito, aqueles que pretendem comprar ou vender determinado recibo.

Além da questão da liquidez, há outra desvantagem que é derivada da questão do mercado de capitais brasileiro ser limitado, com menor demanda e número de investidores. Nesse sentido, há a questão da limitação de ativos disponíveis.

Enquanto nos EUA o investidor pode ter acesso a mais de 6.000 diferentes ativos, no Brasil, os investidores só possuem cerca de 500 BDRs disponíveis na B3. E dentre esses, apenas alguns possuem liquidez suficiente para que o investidor consiga, de fato, montar ou desfazer de sua posição de forma rápida e segura.

Outra desvantagem relevante do investimento em BDR é a tributação desfavorável ao investidor. Nessa perspectiva, enquanto nos EUA há um limite de isenção de imposto de renda sobre ganho de capital de até 35 mil reais, nos BDRs não há qualquer tipo de limite.

Isso significa que independentemente do lucro ou do valor da venda, todos os investidores que venderam um BDR no Brasil com ganho devem recolher 15% de imposto de renda sobre ganho de capital.

Por fim, outra desvantagem de investir em BDRs são os custos mais elevados que existem. Afinal, entre o investidor e o valor mobiliário original existe uma instituição financeira que precisa ser remunerada para emitir os recibos no Brasil.

Por causa disso, existe um custo mais elevado para os investidores que desejam ter a praticidade de investir em ativos estrangeiros diretamente do mercado doméstico. Nesse sentido, um dos custos que existirá é a retenção pela instituição custodiante de 5% do valor do dividendo distribuído pelo valor mobiliário para processar esse pagamento.

Vale a pena investir em BDRs?

Conhecendo quais são as empresas que possuem recibos de ações negociadas na bolsa brasileira, como a Apple, a Microsoft e o Google, muitos investidores podem ficar animados e se perguntar se vale a pena investir em BDRs.

Nesse sentido, é preciso destacar que sim, vale a pena investir nessa classe de ativos. No entanto, é preciso destacar que o desempenho de um BDR não será positivo apenas pelo fato da empresa por trás dele ser estrangeira ou famosa.