Bradesco (BBDC4) apresenta queda de 75,9% no lucro; Americanas não é a única causa
O resultado de R$ 1,6 bilhão foi abaixo das expectativas
Após o fechamento do pregão da última quinta-feira (9), o Banco Bradesco (BBDC4) divulgou seu balanço do quarto trimestre de 2022.
De acordo com as informações publicadas, a instituição bancária apresentou uma queda de 75,9% no lucro líquido recorrente na base anual. Os números ficaram abaixo das expectativas do mercado financeiro.
Balanço trimestral do Bradesco
Seguindo os passos do último relatório de resultados divulgado pelo banco, referentes ao 3T22, o balanço do quarto trimestre do ano passado também apresentou números que desapontaram o mercado.
Na época, as informações fizeram com que as ações do Banco Bradesco desabassem em 17,38%, situação em que a reação atual do mercado financeiro se espelha.
De acordo com o documento publicado logo após o pregão da última quinta, a instituição bancária apresentou um lucro líquido recorrente de R$ 1,6 bilhão, quantia 75,9% menor do que o registrado no mesmo período de 2021, quando registrou R$ 6,6 bilhões.
Além de apresentar baixas na base anual, a quantia também representa uma queda de 69,5% ante os números do terceiro trimestre de 2022 (R$ 5,2 bilhões).
O montante também fica muito abaixo das expectativas do mercado financeiro. De acordo com a pesquisa de mercado do consenso Refinitiv, a previsão era de que a quantia fosse de R$ 4,4 bilhões.
O banco chegou ao fim do ano passado, desta maneira, com um lucro líquido recorrente acumulado de R$ 20,7 bilhões, uma baixa de 21,1% em relação aos R$ 26,2 registrados ao fim de 2021.
O caso Americanas (AMER3) foi citado pela instituição bancária, mesmo que de forma indireta, como um dos fatores que afetaram seus lucros durante o período.
“Com os recentes eventos envolvendo um cliente Large Corporate específico, ocorridos no início de 2023, a Administração reavaliou os riscos inerentes e, de forma prudencial, provisionou 100% da operação, afetando o lucro do 4T22”, afirmou o banco no documento.
O evento pode ser observado na Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) apresentado pelo banco durante o 4T22, de R$ 14,881 bilhões. Durante o mesmo período de 2021, a quantia foi de R$ 4,823 bilhões.
Dessa maneira, o provisionamento relacionado ao evento ocorrido no início de 2023 totalizou a quantia de R$ 4,9 bilhões.
A manobra atingiu, também, o retorno médio sobre patrimônio líquido (ROAE), que fechou aos 3,9% no 4T22. Caso o evento não acontecesse, a quantia seria de 10,3%.
No entanto, o principal fator apontado pelo Bradesco foram as condições do cenário macroeconômico mundial.
“Foi um ano de bastante volatilidade causada por eventos importantes. Houve aumento rápido e relevante da inflação, com aumento das taxas de juros maior que o inicialmente antecipado, impactos no ciclo de crédito e um ambiente global de grande instabilidade política e econômica. Esse cenário causou impacto importante em nossos resultados”, disse no começo da nota.
Concentrada no setor de Pessoas Físicas e Micro e Pequenas Empresas, áreas mais vulneráveis ao avanço da inflação e juros altos, a inadimplência apresentada pelo Bradesco também apresentou uma elevação.
Assim, o indicador de inadimplência para empréstimos com um prazo maior do que 90 dias atingiu a quantia de 4,3%, uma alta de 0,4 p.p. em relação ao 3T22 (3,9%) e de 1,5% ante os números do 4T21 (2,8%).
Ações despencam
Repetindo a direção do fim do pregão em que o banco divulgou seu balanço do 3T22, os ativos da instituição também despencaram ao longo das negociações desta sexta-feira (10).
Suas ações somam por volta das 14:40 horas (horário de Brasília) uma queda de 7,68%, atingindo os R$ 12,74. No acumulado de 12 meses, os papéis desabaram em 39,49%.