Taxa de desemprego voltou a subir no Brasil indo a 8,4% em janeiro
A Economista do C6 Bank aponta que já esperava piora na desocupação como efeitos da desaceleração da economia do emprego no Brasil
A taxa de desemprego voltou a subir no país após dez meses em queda, indo de 7,9% no trimestre encerrado em dezembro de 2022 para 8,4% no trimestre terminado em janeiro. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A economista do C6 Bank, Claudia Moreno, avaliou que “a pesquisa confirma a tendência de piora que esperávamos na desocupação e mostra os efeitos da desaceleração da economia no emprego”.
Mesmo com alta, a taxa ainda é a mais baixa para o período de novembro a janeiro desde 2015
Apesar da elevação, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em janeiro de 2023 foi a mais baixa para este período do ano desde 2015, quando estava em 6,9%. O resultado teria sido ainda maior, se não fosse a migração de trabalhadores que perderam o emprego para a inatividade.
Resultados econômicos positivos e a reabertura pós pandemia deram fôlego ao mercado de trabalho no ano passado, apresentando também um aumento na formalidade.
Entretanto, com os efeitos defasados do aperto da política monetária, a taxa Selic saiu do menor nível histórico de 2% para 13,75% atualmente, e a desaceleração econômica global também contribuiu para este cenário.
“Se as pessoas que perderam sua ocupação agora tivessem se voltado para a busca do trabalho isso poderia ter levado a um aumento da taxa”, ressaltou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento no IBGE.
Em comentário, ela disse também que “é importante lembrar que o processo de busca por trabalho no mês de janeiro não costuma ser dos mais intensos. É mês de férias. Empresas têm paradas técnicas, ou férias”, completou.
Extinção na força de geração de vagas de empregos
De acordo com Adriana Beringuy, já era possível notar perda de força na geração de vagas ao fim de 2022, período do ano em que é tradicionalmente favorável ao mercado de trabalho. Essa queda na ocupação consolida essa tendência de perda de fôlego da ocupação, disse ela.
O país registrou uma extinção de 1,025 milhão de vagas no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em outubro de 2022. A população ocupada somou 98,636 milhões de pessoas no trimestre encerrado em janeiro de 2023.
De acordo com a Beringuy, ainda é cedo para traçar cenário excessivo de desaceleração (do mercado de trabalho), tendo em vista que os dados estão refletindo a virada do ano, “um momento de transição, onde fatores sazonais exercem influência importante nos indicadores”.
Desemprego no Brasil
Estima-se que a população desocupada diminuiu em 27 mil pessoas em um trimestre, totalizando 8,995 milhões de desempregados no trimestre até janeiro. A população inativa somou 66,341 milhões de pessoas no trimestre encerrado em janeiro, 1,438 milhão a mais que no trimestre anterior.
Em relação ao nível de ocupação, o percentual de pessoas ocupadas na população em idade para trabalhar, saiu de 57,4% no trimestre até outubro de 2022 para 56,7% no trimestre até janeiro de 2023. No trimestre que encerrou em janeiro de 2022, o nível de ocupação era de 55,3%.
“Embora esse trimestre registre uma perda de ocupação, a menor pressão exercida no mercado de trabalho ainda mantém essa taxa no campo da estabilidade”, lembrou Beringuy.
O IBGE informou ainda que o Brasil tinha 63,739 milhões de ocupados contribuindo para a Previdência, sendo o terceiro maior contingente da série histórica.
No entanto, a proporção de ocupados que contribuem para a Previdência foi de apenas 64,6% no trimestre, tendo como base o período até janeiro de 2023, o montante ultrapassou os 66% em anos anteriores.