C-bond: entenda o que foi
Qual a importância deste título público na crise de dívida externa da década de 1990
O C-bond foi um título público criado em 1994 para suprir a dívida externa do Brasil, durante o processo de negociação da mesma.
Emitido pelo Tesouro Nacional, o C-bond foi o título de dívida externa mais negociado no país durante dez anos, correspondendo a cerca de 10% dos títulos emitidos por demais países emergentes parceiros.
O que foram os C-bonds?
O chamado Brazilian Capitalization Bond, mas popularmente conhecido como C-bond, foi o principal papel do governo como parte do plano de reestruturação da dívida externa do Brasil.
Ou seja, o objetivo do governo federal de negociar os títulos a fim de captar recursos e destiná-los aos pagamentos da dívida externa do país.
Com essa intenção, o C-bond apresentava uma série de características atraentes, como por exemplo prazo maiores e taxas de juros menores.
Os papéis eram considerados, por outros países emergentes, como um título que apresentava um nível de liquidez acima dos títulos públicos de seus próprios países.
Tratava-se um título prefixado, sem garantia e com uma rentabilidade de 8% ao ano (como eram pagos duas vezes ao ano, o valor era de 4% por semestre).
Primeiro lançados em 1994, os papéis foram emitidos temporariamente, em função do abatimento da dívida. Não há mais nenhum C-bond em circulação atualmente, o prazo de validade era de 20 anos.
C-bonds e dívida externa
Na década de 1980, diversos países emergentes deram calote de dívida externa. Nos países da América Latina, houve um endividamento em dólar e aumento das taxas de juros nos Estados Unidos.
Após a moratória de diversos países, como o Brasil em 1987, os bancos estadunidenses demandaram do FMI (Fundo Monetário Internacional) um programa de negociação, liderado por Nicholas Brady, ex-secretário do Tesouro dos EUA – nome que inspirou o segundo apelido dos C-bonds, o brandies, vindos do Plano Brady.
As condições, no entanto, foram aprovadas apenas sete anos depois, em 1994. No Brasil, como parte desse processo, o governo criou um programa de reestruturação da dívida externa, acumulada anos atrás.
Um dos principais elementos do processo de renegociação da dívida foi a emissão dos C-bonds, que correspondia a um montante de US$ 7,4 bilhões, do total de US$ 52 bilhões que o Brasil devia aos bancos estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos.
Foi através da renegociação da dívida que o Brasil conseguiu voltar ao mercado financeiro mundial, junto ao retorno de capital estrangeiro no país.
Sua importância
Durante seu período de emissão e negociação, os C-bonds desempenharam um importante papel na economia do Brasil e no mundo.
Seu sucesso foi tão grande que, ele não apenas auxiliou na renegociação da dívida externa do país, mas captou o interesse de diversos investidores.
Com uma remuneração boa, estável e baixos níveis de risco, os C-bonds voltaram a dar credibilidade ao Brasil diante dos mercados internacionais.
Além de ter se tornado uma referência no mercado, como uma espécie de termômetro da economia brasileira da época, indicador agora representado no CDS (Credit Default Swap).
Os C-bonds foram um fator essencial na reconstrução econômica no Brasil após a ditadura militar, sendo uma precedente à onda de crescimento econômico no país durante os anos 2000.
A-bond
A partir de 2004, o governo iniciou a troca voluntária dos C-bonds por A-bons. Com as mesmas características, a troca visava acabar com o estoque de papéis do bônus anexado ao Plano Brady.
Aos investidores que quiseram efetuar a troca, o governo apenas recomprou os títulos na data de exercício da opção, em 15 de maio de 2006, visto que os C-bonds apresentavam uma opção embutida de recompra dos papéis pelo emissor a partir de 2005.
Os A-bonds venceram em janeiro de 2018.