Boletim Focus: projeção da inflação para 2023 tem leve redução após reunião do Copom
Para 2024, a projeção aumentou de 4,11% para 4,13%, contra 4,02% de quatro semanas atrás
Após o Comitê de Política Monetária (Copom) optar pela manutenção da Selic em 13,75% ao ano na semana passada, pela quinta reunião seguida, a projeção do mercado para a inflação de 2023 diminuiu levemente no Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira (27).
Leve redução do IPCA e estimativas para 2024, 2025 e 2026
A projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), tido como o Índice oficial de inflação, passou de 5,95% para 5,93% neste ano. Há um mês, a expectativa era de 5,90%.
Em comunicado, o comitê apontou a reoneração dos combustíveis como um fator positivo para a redução das incertezas na economia. Porém, também foi fator decisivo na alta do índice na categoria de Transportes, que ficou com 1,50% e 0,30 p.p.
Todas as regiões pesquisadas apresentaram alta em março.
“Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”, destaca o comitê.
Referente ao ano de 2024, a projeção da inflação passou de 4,11% para 4,13%; já a projeção para 2025 foi elevada de 3,90% para 4%.
As metas de inflação de 2023, 2024 e 2025 são de 3,25%, 3% e 3%, respectivamente, conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e, para 2024 e 2025, é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Já a estimativa para o IPCA de 2026 seguiu em 4%, contra 3,75% um mês antes.
Copom
Na reunião do Copom da semana passada, o BC atualizou suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,8% em 2023 e 3,6% para 2024. Em um cenário alternativo, em que a Selic se mantém estável por todo o horizonte relevante, as projeções da autoridade são de 5,7% para 2023 e 3,0% para 2024.
Os investidores têm temido uma desancoragem das expectativas para o IPCA após recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à condução da política monetária pelo Banco Central, com o nível de 13,75% da taxa Selic na mira do governo.
“Vou continuar batendo, tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros para que a economia possa voltar a ter investimento”, disse o presidente da República.
Contudo, o Copom declarou que “as expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente”.
Expectativa do mercado
As expectativas dos economistas sondados na pesquisa Focus é de que os juros básicos encerrem este ano em 12,75% enquanto o próximo seguiu em 10,00%.
A projeção da Selic para o fim de 2025 continuou em 9%, a mesma mediana de quatro semanas atrás. Para 2026, o boletim estimou que a taxa básica siga em 9%.
Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), a estimativa de crescimento este ano melhorou marginalmente a 0,90%, a 0,88% na semana anterior. Para 2024, a projeção caiu a 1,40% de 1,47% anteriormente.
A estimativa agora é com a ata do Copom que será divulgada amanhã. Em seu comunicado, o Banco Central alegou que o risco inflacionário permanece, assim como a falta de um arcabouço fiscal também atrapalha o alívio da política monetária.