Copom divulga ata da última reunião e comenta novo arcabouço fiscal – ESTOA

Copom divulga ata da última reunião e comenta novo arcabouço fiscal

O comitê diz que o novo plano de arcabouço fiscal do governo pode levar a um processo desinflacionário


Advertisement


Advertisement


Nesta terça-feira (28), o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata de sua última reunião, que aconteceu na quarta-feira passada, dia 22 de março, na qual  decidiram manter a taxa de juros em 13,75%.

A decisão de manter a taxa de juros do Copom, no entanto, não possui relação com a mecânica de convergência de inflação e o novo plano fiscal do arcabouço do governo.

Ata do Copom 

Na ata do Copom, o comitê diz que o novo plano de arcabouço fiscal do governo pode levar a um processo  desinflacionário de maneira ruim para a economia, já que pode gerar mais expectativas à inflação do país, reduzindo a incerteza e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos. 

Advertisement


De acordo com uma avaliação feita pela diretora do Banco Central do Brasil (BC), na última quarta-feira, o atual cenário fiscal sobre a inflação pode gerar um efeito líquido de condução da política fiscal, que também depende das condições macroeconômicas e financeiras vigentes. 

Estados Unidos e Europa 

Em relação ao cenários no exterior, a ata comenta que os recentes  acontecimentos com as instituições bancárias nos Estados Unidos e Europa trouxeram uma instabilidade ao mercado financeiro. 

Advertisement



De acordo com o Copom, a instabilidade gerada pela crise no setor bancário nos EUA e Europa pode levar as autoridades monetárias a um longo período de juros elevados no combate de pressões inflacionárias.

Advertisement


Em relação ao cenário interno, o comitê aponta a deterioração adicional das expectativas de inflação na pesquisa Focus. 

“Ao avaliar os fatores que poderiam levar à materialização de cenário alternativo caracterizado por uma taxa de juros neutra mais elevada, enfatizou-se a possível adoção de políticas para fiscais expansionistas, que têm o potencial de elevar a taxa neutra e diminuir a potência da política monetária, como já observado em comunicações anteriores do Comitê”, aponta o documento. 

Advertisement


Na ata o comitê comenta sobre o processo inflacionário na definição de preços e salários presentes e futuros, que podem afetar diretamente a taxa de juros: “À medida que se projeta inflação mais alta à frente, empresas e trabalhadores passam a incorporar tal inflação futura em seus reajustes de preços e salários (…)”.

“(…) Assim, há uma maior elevação de preços no período corrente, e o processo inflacionário é alimentado por essas expectativas”, finaliza o comitê sobre o processo inflacionário.

A instabilidade gerada pela crise no setor bancário nos EUA e Europa pode levar as autoridades monetárias a um longo período de juros elevados/Foto: Pixabay

Inflação

A avaliação dos diretores do Banco Central foi de que a inflação do consumidor  continua elevada, assim como também os componentes mais sensíveis do ciclo  econômico e da política monetária, portanto, apresentando um alto custo inflacionário, já que se mantêm acima do compatível com o cumprimento da meta para inflação.

A ata aponta que: “As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente”.

Sobre o cenário de referência, o BC disse que as projeções de inflação estão em 5,8% para 2023 e 3,6% para 2024. Entretanto, para a inflação de preços administrados são de 10,2% para 2023 e 5,3% para 2024.


 “O Comitê optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente. Nesse horizonte, referente ao terceiro trimestre de 2024, a projeção de inflação acumulada em doze meses situa-se em 3,8%. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, comenta o documento.

A ata também destaca as expectativas da inflação sob processo de desancoragem, sobre os cenários globais, assim como também mais sobre a crise nos bancos e  a situação de crédito do país, que  houve um aperto adicional nas condições para concessão.