Ações da Hapvida fecham em alta após anúncio de medidas de capitalização
Possível follow-on e compra de hospitais é seguido de alta de 18% na bolsa nesta terça (28)
As ações da Hapvida fecharam em alta de 18,47% nesta terça-feira (28), após o anúncio de operações de capitalização, de sale and lease back e follow-on.
Com altas ao longo do dia, os papéis da maior operadora de planos de saúde do país variavam 17,57% no final da tarde. Em sua cotação máxima do dia, às 15h05 (horário de Brasília), as ações atingiram R$ 2,70, em decorrência de novas medidas de capitalização informadas na última segunda-feira (27).
A família Pinheiro, controladora da companhia, foi divulgada a injetar mais de R$ 1,6 bilhões na Hapvida – R$ 1,25 bilhão em sale and lease back (SLB) e R$ 360 milhões em follow-on (oferta pública de ações ordinárias).
“É um esforço de caixa para dar um conforto maior para a companhia passar os próximos trimestres em que a gente vê o cenário macroeconômico desafiador no país e no mundo”, afirmou o diretor-financeiro da Hapvida, Maurício Teixeira.
Novas medidas de capitalização da Hapvida
Na última segunda-feira (27), a empresa controladora da Hapvida anunciou duas novas medidas para se capitalizar. Entre elas, o sale and lease back (SLB) e um follow-on (oferta pública subsequente de ações ordinárias).
A primeira operação consiste na venda de imóveis para os alugar de volta.
Segundo a Hapvida, a família Pinheiro selecionou os melhores imóveis com o menor valor de aluguel, diante das seis ofertas recebidas. A família irá adquirir dez hospitais por R$ 1,25 bilhão.
Dos 87 hospitais pertencentes ao grupo, a família é dona de 22. Com a conclusão do sale and lease back, a família terá 32.
A segunda operação se trata de uma oferta de ações ordinárias, isto é, a sociedade de capital aberto decidiu iniciar um processo de emissão de mais ações a serem negociadas na bolsa de valores.
Serão, ao todo, cerca de R$ 1 bilhão no limite de seu capital autorizado de 385 milhões de ações. A família Pinheiro irá prover com R$ 360 milhões.
“O SLB e o potencial follow-on, com a expressiva participação da Família Pinheiro, demonstram o comprometimento da companhia e a convicção dos controladores e atuais administradores da Hapvida na resiliência do seu modelo de negócios. Essa postura da administração evidencia, também, sua visão conservadora em relação à liquidez e endividamento da companhia”, disse o comunicado oficial da Hapvida.
A oferta do follow-on é prevista para ser lançada nas próximas semanas.
Alta nas ações e opinião dos analistas
Na última segunda-feira, antes da divulgação das novas medidas de capitalização, as ações da Hapvida (HAPV3) fecharam a bolsa com uma desvalorização de 1,33%, a R$ 2,22.
Nesta manhã, as ações estavam cotadas em R$ 2,57 às 10h35 (horário de Brasília). A maior alta, no entanto, variou R$ 2,70, às 15h05 (horário de Brasília).
Os analistas Leandro Bastos e Renan Prata disseram que a companhia pode adicionar R$ 2,1 bilhões em capitalização total, considerando venda de ativos e a oferta de ações, reduzindo alavancagem de 2,5 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda para 1,7 vez.
“Em termos de liquidez, a companhia aumenta seu caixa livre de R$ 1,5 bilhão para R$ 3,6 bilhões, criando um colchão de R$ 2,2 bilhões sobre as dívidas que vencem em 2023”, comentam.
Diante do comportamento da família Pinheiro, em comprar os imóveis e ancorar a oferta, os analistas Caio Moscardini e Guilherme Gripp disseram que essa ação deve reduzir preocupações sobre a solvência da companhia.
“Ainda vemos um curto prazo de volatilidade para a companhia, especialmente em torno da sua sinistralidade, mas a expectativa é de melhora no indicador ao longo de 2023”, comentam.
O banco estima que a alavancagem da Hapvida irá sair de 2,45 vezes a dívida líquida sobre a Ebitda para 1,78 vez após a venda dos imóveis e da oferta de ações. A apuração também deve reduzir o prejuízo por ação esperado neste ano.