Petróleo dispara com anúncio de corte surpresa da Opep
Com a redução, as petroleiras acumularam ganhos
Os preços dos barris de petróleo dispararam nesta segunda-feira (3), após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciar um corte surpresa na produção da commodity no último domingo (2).
A redução voluntária foi anunciada pelo Ministério de Energia da Arábia Saudita e, de acordo com o órgão, seria responsável por diminuir a produção em 500 mil barris por dia.
Corte surpresa
De acordo com o comunicado oficial do órgão árabe, os países devem reduzir a produção de petróleo em 500 mil barris por dia de forma voluntária.
Na nota, é dito que “O responsável do Ministério da Energia enfatiza que se trata de uma medida de precaução destinada a apoiar a estabilidade do mercado petrolífero”. Isso faz com que, no total, a redução chegue aos 1,66 milhões de barris por dia.
A decisão entrará em vigor em maio, e deve perdurar até o fim deste ano. O total de produção reduzido será dividido entre os países:
- Iraque – 211 mil barris por dia (bpd)
- Emirados Árabes Unidos – 144 mil bpd
- Kuwait – 128 mil bpd
- Casaquistão – 78 mil bpd
- Argélia – 48 mil bpd
- Omã – 40 mil bpd
- Gabão – 8 mil bpd
A Rússia, um dos países que compõem a Opep+, também deve estender seu corte de 500 bpd atual até o fim deste ano.
Petróleo dispara
O anúncio fez com que a precificação da commodity iniciasse o pregão desta segunda com fortes ganhos.
Ainda no início do dia, o petróleo tipo Brent somava uma alta de 6,12%, aos US$ 84,78 por volta das 13:50 (horário de Brasília). O tipo WTI, por sua vez, era negociado no mesmo horário com uma valorização de 6,32%, aos US$ 80,45.
A medida foi adotada tanto pela Opep, quanto pelos países não membros da organização relacionada à commodity, que integram a chamada Opep+.
Essa alta ocorre logo após uma série de desvalorizações do preço dos barris, pressionada pela recente crise no setor bancário de todo o mundo com a falência do Silicon Valley Bank, nos EUA.
Para alguns, a decisão deve fazer com que a precificação dos barris continue subindo, como é o caso dos analistas do Goldman Sachs, que reduziram suas expectativas para a produção do bem.
“[…] Como já assumimos que os cortes na Rússia se estenderiam até a segunda metade de 2023, estamos reduzindo nossa previsão de produção da Opep+ para o final de 2023 em 1,1 milhão de barris por dia”, apontaram.
Eles, dessa forma, elevaram suas projeções para o preço da commodity, de US$ 90 para US$ 95 até o mês de dezembro deste ano; e de US$ 97 para US$ 100 para dezembro de 2024.
Apesar disso, para alguns analistas, a alta não deve perdurar. De acordo com o chefe de pesquisa de próxima geração do Julius Baer, Carsten Menke, o corte é “[…] uma clara admissão da fraqueza do mercado e não vem de uma posição de força.”.
Por isso, no longo prazo, para Menke, os preços devem se estabilizar por volta dos US$ 70 por barril.
Ações de petroleiras
A valorização dos barris de petróleo também refletiu na precificação das ações das petroleiras ao redor do mundo, fazendo com que as empresas somassem ganhos durante o pregão desta segunda-feira (3).
No Brasil, a Petrobras (PETR4) atingiu por volta das 14:20 horas (horário de Brasília) uma alta de 3,62%, aos R$ 24,30. Nos Estados Unidos, a Exxon Mobil (XOM) chegou ao mesmo horário com ganhos de 5,77%, negociada aos US$ 115,98.