Segundo ata, alguns membros do BCE preferiam não aumentar os juros em março – ESTOA

Segundo ata, alguns membros do BCE preferiam não aumentar os juros em março

O documento foi publicado hoje (20), e evidencia as diferentes visões


Advertisement


Advertisement


De acordo com as atas da última reunião do Banco Central Europeu (BCE), publicadas nesta quinta-feira (20), alguns membros do colegiado da autoridade financeira teriam optado por não elevar os juros.

Apesar disso, a decisão final de elevar o medidor em 50 pontos-base foi tomada com base no posicionamento do maior número de autoridades que integram a instituição.


Advertisement


Ata do BCE

No documento, o Banco Central Europeu evidenciou que a inflação teria sido influenciada pelas tensões financeiras mais recentes no mercado financeiro. Como exemplo, a crise dos bancos, composta pela quebra de diversas instituições financeiras, foi citada.

Imagem ilustrativa/Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

O conjunto de eventos culminou, assim, na mudança das expectativas da autoridade monetária em relação ao avanço da economia e das taxas inflacionárias como um todo.

Advertisement


Considerando os fatores, a decisão adotada durante a última reunião do colegiado, de aumentar em 0,5 p. p. a taxa de juros, tornou-se realidade.

Apesar disso, de acordo com a ata do encontro divulgada no dia de hoje, alguns dos integrantes prefeririam não elevar os indicadores.

Advertisement


Para a maior parte deles, apesar disso, um avanço neste nível seria considerado “proporcional”.

“Alguns membros teriam preferido não aumentar as taxas de juro até que as tensões nos mercados financeiros tivessem diminuído e conduzir uma reavaliação global da situação na próxima reunião de política monetária do conselho do BCE em maio”, afirmou o documento.

Advertisement


Eles escolheram esperar até o encontro do mês de maio usando como justificativa a volatilidade dos mercados.

O último resultado, do dia 16 de março, foi responsável por fazer com que as taxas de refinanciamento, empréstimos e depósito fossem de, respectivamente, 3% para 3,50%; 3,25% para 3,75%; e 2,50% para 3%.

Ainda na publicação, o BCE ressaltou que suas futuras decisões devem, ainda, ser guiadas pelas perspectivas da inflação considerando dados financeiros e econômicos e da força da política monetária em curso.

Tendo em vista os riscos no mercado, eles afirmaram que “um aumento de 50 pontos base exerceria um efeito de contenção muito mais forte se a economia já estivesse a sofrer os efeitos secundários do ‘stress’ financeiro”.

Dessa maneira, caso não houvesse turbulências envolvendo o mercado, a inflação voltaria a ser a principal preocupação da autoridade monetária. Além disso, a alta dos juros teria sido ainda maior.

Imagem ilustrativa/Foto: Mercadero

As expectativas são, dessa maneira, de que o primeiro corte nos juros deva ocorrer durante o terceiro trimestre de 2024.

Núcleo da inflação

Para o colegiado, de acordo com a ata divulgada, o colapso bancário fez com que pressões surgissem sobre o núcleo de inflação, indicador que exclui itens voláteis, como alimentos e energia, na Zona do Euro.

Assim, investidores estariam precificando o mercado em um ambiente de maior inflação.

A autoridade monetária identificou que o processo de recuperação econômica havia sido influenciado pela crise envolvendo o SVB.

“As expectativas das taxas de juros foram revisadas drasticamente para baixo, mas reverteram parcialmente esse declínio em 14 de março de 2023, antes de cair novamente na manhã de 15 de março”, disse o BCE no documento.


Bolsas europeias

As expectativas de um aperto monetário maior por parte do BCE contidas na ata publicada fizeram com que as bolsas europeias fechassem o pregão desta quinta-feira (20) majoritariamente em queda.

Em Frankfurt, o DAX caiu 0,62%, com uma pontuação de 15,7 mil.O parisiense CAC 40 finalizou o dia com redução de 0,14%, atingindo os 7,5 mil pontos. O mercado de ações de Londres, por sua vez, finalizou em estabilidade, com alta de 0,05%.

A maior parte das perdas foi pressionada pelos ativos das montadoras europeias. A Tesla, por exemplo, chegou ao fim desta quinta com queda de cerca de 10%.

Outras empresas do grupo seguiram o movimento, como a Renault (-7,97%), Volkswagen (-2,43%), a Mercedes-Benz (-3,37%) e a BMW (-3,62%).