Primeiro trimestre dos “bancões” deve ser mais fraco, refletindo cenário econômico ruim, dizem analistas
A temporada de balanços se iniciou no último dia 18
A temporada de balanços referentes ao primeiro trimestre de 2023 começou na última terça-feira (18). No entanto, a publicação de dados operacionais dos “bancões” durante o período deve começar durante esta semana.
A estreia das divulgações do setor de instituições financeiras deve acontecer na próxima terça-feira (25), com o balanço operacional do Santander (BCSA34).
Os dados devem, de acordo com as expectativas do mercado, refletir um cenário econômico desfavorável.
Expectativas para os bancos
Para os analistas, os números devem seguir a tendência das últimas temporadas, com balanços mais sólidos apresentados pelo Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4). Os números mais fracos devem, mais uma vez, ser divulgados pelo Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4).
Durante o último trimestre, o principal fator a pressionar os números foram as provisões realizadas pelos bancos para cobrir possíveis inadimplências em empréstimos realizados à varejista Americanas (AMER3).
Apesar disso, atualmente, os balanços devem ser influenciados pelos resultados gerados pelo alto patamar em que a taxa Selic, os juros básicos da economia, se encontram.
Com um custo alto dos empréstimos, a demanda por crédito é afetada. Isso faz com que seja mais caro para os clientes financiarem suas dívidas, trazendo mais exigências por parte das instituições que compõem o grupo.
Logo após a divulgação do dia de amanhã (25), o período de publicações do grupo de instituições bancárias deve ser continuado pelos balanços do Bradesco, Itaú e BB, que devem ser publicados, respectivamente, nos próximos dias 4, 8 e 15 de maio.
Além disso, outro efeito causado pela alta no custo dos empréstimos é a evolução da economia, que deve, naturalmente, caminhar de forma mais lenta devido ao patamar da Selic.
Para Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, “devemos ver uma desaceleração nas concessões de crédito como efeito da política monetária no apetite dos bancos em dar crédito.”
Em sua última reunião, realizada em março deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu manter a taxa em 13,75%, o mesmo patamar desde o mês de agosto do ano passado.
Os analistas do JP Morgan destacam que “estamos vendo uma originação de empréstimos mais fraca pelos dados do Banco Central e bancos migrando para linhas mais seguras”.
Apesar disso, para o Bradesco BBI, os juros durante o trimestre devem gerar um crescimento “decente” da receita das instituições bancárias, mas consideram que, talvez, os empréstimos não avancem de acordo com as previsões.
“Agora que esperamos que uma redução na taxa Selic leve mais tempo que o previsto anteriormente, questionamos se o crescimento na casa de 10% nos empréstimos esperado pelos bancos é mesmo viável”, afirmaram os especialistas.
Início da temporada dos bancões
De acordo com o consenso Refinitiv, o pioneiro dos “bancões”, o Santander, que tradicionalmente inicia a temporada de balanços das instituições financeiras, deve apresentar um lucro líquido de R$ 1,8 bilhão durante o 1T23.
Apesar disso, para analistas do Itaú BBA, o lucro da empresa deve atingir os R$ 1,9 bilhões, o que, na prática, representa uma queda de 52% em relação ao mesmo período do ano passado, com um Return on Equity (ROE) de 9,4%.
Juntamente ao Bradesco e ao Banco Pan, o Santander estaria no grupo das instituições a serem “evitadas”.
Para o UBS BB, “acreditamos que o banco poderá reforçar suas provisões para empréstimos corporativos, enquanto deve reverter algumas provisões legais e tributárias”.
“A mudança de mix para produtos mais seguros pode pressionar sua margem com clientes, enquanto os resultados de trading e gestão de ativos poderão se manter negativos”, afirmou em relatório.
Ao Bradesco, próxima instituição do setor de bancos a divulgar seus resultados, o consenso Refinitiv entrega uma projeção de lucro líquido de R$ 3,6 bilhões durante o 1T23.