“Este ainda não é o momento para parar” alta dos juros, diz Philip Lane do BCE
As expectativas são de mais uma elevação no custo dos empréstimos
Em entrevista ao veículo francês “Le Monde” nesta terça-feira (25), o economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, afirmou não ser a hora certa para interromper o ciclo de altas das taxas de juros.
De acordo com o integrante da autoridade monetária, a próxima reunião do BCE, marcada para ocorrer no dia 4 de maio, deve resultar em uma elevação na taxa de juros.
Lane indica elevações
Ao jornal francês, o membro do colegiado disse que “os dados atuais indicam que devemos aumentar as taxas novamente. Este ainda não é o momento certo para parar”. Apesar disso, Lane não deu indícios sobre o tamanho da elevação.
“Para a próxima reunião do Conselho de Governança, no dia 4 de maio, os dados atuais indicam que devemos elevar as taxas de novo… Além disso, não possuo uma bola de cristal, vai depender dos dados econômicos”.
Ele completa, ainda, afirmando que “seria inapropriado deixar nossa taxa de depósito no nível atual de 3%”.
Apesar de destacar que a prioridade é “garantir que cheguemos perto de nossa meta”, o economista-chefe também enxerga a recente desaceleração da inflação na zona do euro, para 6,9% no mês de março, como um indicador positivo.
Na época, os dados foram divulgados pela Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia. O resultado fez com que o indicador atingisse o menor nível em 13 meses, aliviando a pressão no custo de vida das famílias.
Por conta disso, Lane não avalia que o cenário atual seja similar ao período dos anos 70, quando a inflação também era persistente.
Na época, o mundo todo enfrentava uma crise em relação à alta dos preços. A perda da paridade do dólar com o ouro e as elevações subsequentes do preço do petróleo contribuíram para o estado econômico.
Além de não crer que o continente estaria “em uma situação ao estilo dos anos 1970, quando a inflação era de fato pegajosa”, ele afirmou que “as pressões inflacionárias permanecem em alguns setores da economia, mas estão se reduzindo em outros”.
“É por isso que é importante que o BCE aumente suas taxas de juros para garantir que a inflação volte a 2% em tempo hábil”, conclui.
Schnabel defende alta dos juros
Apesar disso, Philip Lane não foi o único integrante da autoridade monetária europeia a defender elevações nas taxas de juros.
Na última segunda-feira (24), Isabel Schnabel, membro do Conselho do BCE, afirmou ao veículo “Politico” que um aumento de 0,5 p.p. não estaria fora de questão para o próximo encontro da instituição.
“Está claro que mais aumentos de juros são necessários, mas o tamanho dos aumentos de juros vai depender dos próximos dados”, disse.
Ela defende que deve haver primeiro um sinal claro de que o núcleo da inflação, perspectiva que exclui o preço de itens voláteis como alimentos e energia, estaria caindo para considerar uma pausa no ciclo de altas no custo dos empréstimos.
“Precisamos ver um declínio sustentado no núcleo da inflação que nos dê confiança de que nossas medidas estão começando a funcionar”.
Apesar disso, Schnabel também vê que o setor de serviços apresenta uma recuperação constante indicada pela aceleração na expansão dos salários.
Outro fator que impede a interrupção do ciclo de altas indicado pela integrante do BCE é a recente crise do setor bancário.
A turbulência, para Isabel, pode levar a um aperto no financiamento e que, por conta deste fator, seria um item a ser levado em consideração pelos formuladores de política monetária da instituição.
O Banco Central Europeu aumentou a taxa de juros em seis encontros seguidos. Para a próxima reunião, os membros encontram-se divididos entre uma elevação de 0,25% ou 0,50%.