Campos Neto avalia que combustíveis ajudaram na queda da estimativa de inflação – ESTOA

Campos Neto avalia que combustíveis ajudaram na queda da estimativa de inflação

Redução da projeção de inflação de 6,03% para 5,80% do Boletim Focus é “muito em função de preços de combustíveis”, diz presidente do BC


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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (22) avaliar a redução da projeção da inflação para o ano, de 6,03% para 5,80%, prevista no Boletim Focus desta semana, estar relacionada com a mudança dos preços dos combustíveis.

A Petrobras anunciou, na última terça-feira (16), novas políticas de preços de combustíveis e queda no preço da gasolina, diesel e gás de cozinha.

Em evento organizado pelo jornal Folha de S. Paulo, Campos Neto afirmou observar uma desaceleração significativa na inflação, porém, núcleo e projeções que seguem “bastante persistentes” em 4% ao longo dos próximos anos.

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“Não que a inflação brasileira esteja dentro da meta, mas a inflação global subiu muito”, declarou o presidente do BC. “A gente vê uma desaceleração da inflação grande, o núcleo tem desacelerado, mas está em 7,3%, que é um número muito alto, muito acima da meta”.

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Em levantamento de economistas do mercado financeiro, o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira informou a redução na estimativa de inflação para 2023, de 6,03% para 5,80%. Além de uma alta na atividade econômica, calculada pelo Produto Interno Bruto (PIB), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Taxa básica de juros

Como as decisões na taxa básica de juros demoram de seis a 18 meses para surtir efeito na economia brasileira, o Banco Central utiliza os valores da meta do próximo ano para definir as mudanças na Selic. 

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Definida pelo Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do BC, hoje, a Selic está em seu maior patamar em seis anos, em 13,75% ao ano.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto/Foto: Wilton Junior/Estadão

O nível da taxa é tema de crítica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que vem questionando o atual patamar e a autonomia da autoridade monetária. 

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Para Campos Neto, efeitos fiscais entre o governo e a autarquia geram incerteza sobre o cumprimento das metas e objetivos do BC. “O tema da meta é predominante hoje. Mas há elementos para ver expectativas de inflação caindo”, afirmou. 

Autonomia do BC

Como mecanismo de controle inflacionário, a Selic é elevada em momentos para reduzir o consumo da população.

Em evento desta manhã, o presidente do BC reiterou a alta de juros implementada em ano eleitoral. Em 2022, o BC promoveu a maior alta da Selic a fim de frear a inflação, lembrou Campos Neto. 

“O Banco Central usou a autonomia para atuar de forma consistente durante a eleição, foi o maior aumento de juros durante a eleição, que acabou pouco antes do primeiro turno. A inflação estaria bastante alta hoje se o BC não tivesse tomado essa atitude em um período difícil, durante a eleição”, afirmou.

Boletim Focus

Divulgado toda segunda-feira, o Boletim Focus é o relatório de levantamento de mais de 100 instituições financeiras consultadas pelo Banco Central, que consta de projeções da economia brasileira. 


Segundo o relatório desta segunda-feira (22), a estimativa de inflação para o ano caiu de 6,03% para 5,80% – ainda acima da meta do governo e a meta central do Conselho Monetário Nacional (CNM) de 3,25%, com margem de oscilação de 1,75% a 4,75%.

Para 2024, a estimativa foi reduzida de 4,15% para 4,13%. A meta definida pelo CMN, contudo, é de 3%, com margem de oscilar entre 1,5% e 4,5% para ser considerada cumprida. 

PIB

Também, de acordo com o Boletim Focus, a projeção de crescimento da atividade econômica subiu de 1,02% para 1,20%. A alta na estimativa da soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país foi em função dos dados do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgados na última sexta-feira (19). 

Considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br registrou um avanço de 2,41% no primeiro trimestre, em relação ao quarto trimestre de 2022.