BC tem condições para prever queda de juros a partir de agosto, diz Tebet
Segundo a ministra, o Governo teria possibilitado futuros cortes
De acordo com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, nesta segunda-feira (12), o governo deu ao Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), condições para que a taxa de juros fosse reduzida.
Além disso, segundo a ministra, caso o texto do arcabouço fiscal seja aprovado pelo Senado Federal sem alterações, a União terá de cortar gastos.
BC tem condições de recuar com os juros
Para Tebet, o governo teria dado ao Copom todas as condições para que a taxa Selic, os juros básicos da economia, fosse reduzida nas próximas reuniões do braço da autoridade monetária brasileira.
As falas foram dadas logo após uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, conhecido como “Conselhão”, que reúne empresários e representantes da sociedade civil.
O evento foi realizado na sede da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.
“Nós estamos arrumando a casa, o que significa que estamos dando todos os elementos e condições para que o Banco Central, o Copom, possa começar olhar com carinho e mostrar uma tendência de queda dos juros já a partir de agora, prevendo queda de juros a partir de agosto”, afirmou.
Além disso, a ministra também destacou a mudança nos cenários econômico e político ante o mesmo período do ano passado, afirmando que a diferença entre os anos de 2022, quando uma taxa de 13,75% da Selic foi alcançada, e 2023 é “muito gritante”.
“Começa pela instabilidade institucional e política que existia naquela época”, completa.
A próxima reunião do Copom para definir o direcionamento dos juros deve ocorrer entre os dias 20 e 21 deste mês.
De acordo com a previsão da edição do Boletim Focus desta semana, publicado pelo BC, o mercado financeiro espera que a taxa seja reduzida para 12,50% até o fim do ano.
Outro ponto levantado por Tebet é o desempenho positivo da economia durante os primeiros três meses deste ano.
Isso faz com que, segundo a ministra, o Produto Interno Bruto (PIB) deva atingir uma variação positiva de 2% ao fim deste ano, ou “um pouquinho mais do que isso”.
Ainda segundo o Focus, o mercado espera que a economia feche 2023 com um crescimento de 1,84%.
O fator, aliado à desaceleração da inflação no Brasil, além de representar um impacto positivo na vida das pessoas, “podem ajudar o Copom na sua análise técnica de analisar a possível baixa de juros nas próximas reuniões”.
Corte de gastos
Ainda nesta segunda-feira, a ministra do Desenvolvimento também falou sobre o texto do novo marco fiscal.
De acordo com Tebet, caso o projeto seja aprovado sem alterações no Senado Federal, o governo terá de realizar um corte de gastos entre R$ 32 bilhões e R$ 40 bilhões em 2024.
“Se o arcabouço for aprovado do jeito que está, obviamente, vamos cortar gastos no ano que vem”, disse.
Dentre as mudanças não previstas originalmente no plano — que permite o aumento das despesas entre 0,6% e 2,5% a depender das metas de superávit fiscal —, está a inclusão do piso da enfermagem e o fundo da educação básica (Fundeb).
A ministra cita, ainda, a diferença causada pelo oscilamento da inflação. “Basta, em maio, mandar um projeto de lei de crédito suplementar para fazer essa diferença do IPCA. Óbvio que isso gera toda uma questão no mercado de insegurança, mas é um caminho”.