BRF (BRFS3) levanta R$ 5,4 bilhões em follow-on e ações despencam
A venda de 600 milhões de ações ocorreu com desconto em relação o preço de fechamento
A BRF (BRFS3) anunciou em Fato Relevante, na última quinta-feira (13), uma oferta subsequente de ações, levantando um total de R$ 5,4 bilhões.
Foram emitidos 600 milhões de ativos, a R$ 9 cada, indicando um desconto de cerca de 5,6% em relação ao preço de fechamento do último pregão, na quinta-feira (13).
Diante do negócio, os papéis da empresa despencaram durante as negociações de hoje.
BRF levanta R$ 5,4 bi em follow-on
De acordo com o documento publicado pela empresa, o valor levantado contou com um aumento de posição por parte da Marfrig (MRFG3) e por um investimento realizado pelo fundo Salic, da Arábia Saudita, que possui uma participação de 31% na Minerva (BEEF3), totalizando R$ 3,4 bilhões do total.
Ambos investimentos foram anunciados no fim do mês de maio deste ano. Como resultado, a primeira companhia passa a deter 33,3% do capital da BRF. O fundo Saudita, por sua vez, deve atingir uma participação de pouco mais de 10%.
“Os acionistas que participaram exclusivamente da Oferta Prioritária, bem como a Marfrig e SALIC, não participaram do Procedimento de Bookbuilding, e, portanto, não participaram da fixação do Preço por Ação” disse em comunicado.
A companhia diz que, no momento em que o preço das ações inicialmente ofertadas foi fixado, constatou-se um aumento de demanda, fazendo com que houvesse um acréscimo de 20%, ou 100 mil, na quantia de papéis emitidos.
O montante pode ser utilizado pela empresa para aliviar a situação financeira negativa em que a companhia se encontra.
Ainda durante o primeiro trimestre de 2023, seu balanço indicou R$ 15,3 bilhões em dívida líquida, considerando a alta alavancagem em que se encontra. Durante o período, o prejuízo atingiu R$ 1,024 bilhão.
Na época, de acordo com o CEO da empresa, Miguel Gularte, “problemas conjunturais” geraram efeitos negativos no consumo das famílias e, consequentemente, afetaram o desempenho da BRF.
Os problemas citados pela companhia foram a falta da oferta de carne de frango no mercado internacional e o alto nível da taxa Selic, os juros básicos da economia brasileiro.
A ação foi, ainda, coordenada pelas instituições bancárias Banco Safra, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, JPMorgan, UBS BB e XP Investimentos.
Apesar disso, para que o negócio fosse concluído, foi preciso que os acionistas da companhia realizassem a extinção do termo de poison pill, que impunha que qualquer investidor com mais de 33,3% de participação realizasse uma oferta pela companhia.
Diante do movimento, o Bank of America (BofA) manteve sua recomendação neutra para as ações. Segundo a instituição, uma situação com menor alavancagem já parece ter sido precificada.
No entanto, o banco ainda enxerga riscos para estimativas de lucro, considerando fatores como a apreciação do real e a gripe aviária.
Segundo estimativas de um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Agro), encomendada pela Anffa Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários), os casos de influenza aviária podem gerar um impacto negativo de R$ 11,8 bilhões no setor de agronegócio, com a perda de aproximadamente 26 mil postos de trabalho.
As consequências atingiram etapas como de salários, renda, produção e exportação, além de uma queda de cerca de R$ 1,3 bilhão na arrecadação de impostos.
Ações despencam
Diante do follow-on, os papéis da BRF (BRFS3) despencaram durante o pregão desta sexta-feira (14). Os ativos somaram por volta das 15:05 horas (horário de Brasília) uma queda de 6,81%, aos R$ 8,89.
Ontem, quando a oferta subsequente foi divulgada, as ações da empresa fecharam com uma desvalorização de 1,24%, aos R$ 9,54.