Banco Central corta Selic em 0,5 p.p. na primeira redução em três anos
Houve discordância, apenas, no tamanho da diminuição
O colegiado do Comitê de Política Monetária (Copom) optou por reduzir a taxa Selic, os juros básicos da economia brasileira, em 0,5 p.p. no primeiro corte do indicador em quase três anos.
A reunião ocorreu entre a última terça (1º) e quarta-feira (2), com o resultado sendo divulgado logo após o pregão do último dia do encontro, por volta das 18:00 horas (horário de Brasília).
Diante da decisão, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, a B3, opera ligeiramente em alta.
Decisão do Copom
Com o corte, a taxa de juros passou para o patamar de 13,25% ao ano. Esta foi, ainda, a primeira reunião em que os novos diretores do colegiado, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, participaram.
Durante o encontro, todos participantes do braço direito da autoridade monetária brasileira concordaram em reduzir o custo dos empréstimos. A única discordância entre eles, dessa maneira, foi na amplitude da redução.
A votação foi concluída por 5 votos à favor de uma diminuição de 0,5 p.p. e 4 favoráveis à um corte de 0,25 ponto percentual.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pressionado anteriormente pelo governo e aliados para promover uma redução, concordou com Gabriel Galípolo, Ailton Aquino, Carolina de Assis Barros e Otávio Ribeiro Damaso na queda de 0,5 ponto.
Os membros que votaram por uma redução de 0,25 ponto, desta maneira, foram Diogo Abry Guillen, Renato Dias de Brito Gomes, Maurício Costa de Moura e Fernanda Magalhães Rumenos Guardado.
O último a votar é o representante da autoridade monetária, desempatando e definindo, assim, a amplitude da queda.
Mesmo projetando a queda, o Mercado Financeiro ainda se surpreendeu com a decisão. Isso, pois a média das expectativas antes da divulgação apontavam para um corte de 0,25 p.p.
Antes do resultado, a última diminuição no custo dos empréstimos ocorreu no mês de agosto de 2020. Na época, foi acordado um corte de 0,25 p. p., fazendo os juros básicos da economia atingirem o patamar de 2%.
A taxa foi mantida até o mês de março de 2021, quando o período de aperto monetário foi iniciado pelo Banco Central.
Ocorreram, a partir daquele mês, 12 elevações seguidas, até que a Selic chegasse aos 13,75%, em agosto de 2022. Desde então, o patamar foi mantido por cerca de um ano até a autoridade monetária optar por uma redução em sua última reunião.
Possibilidade de novos cortes
No comunicado divulgado pelo Banco Central, a autoridade monetária confirma a possibilidade de haver novos cortes nos juros básicos da economia em suas próximas reuniões.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, antevêem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, afirma.
Além disso, o documento também indica que a magnitude total do ciclo de flexibilização deve depender da “evolução da dinâmica inflacionária”.
Com isso, para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária, que deve ocorrer entre os dias 19 e 20 de setembro, o mercado projeta, majoritariamente, uma queda de 0,5 p.p. Os dados são do Contrato de Opção do Copom, disponibilizado no site da B3.
Mesmo assim, para os membros do colegiado, a atual conjuntura demanda “serenidade e moderação na condução da política monetária”.
Eles citam, ainda, um processo desinflacionário que conta com a tendência de ser mais lento, considerando as “expectativas de inflação com reancoragem parcial”.
Ibovespa opera em alta
Diante da decisão, o Ibovespa acumula ganhos durante o pregão desta quinta-feira (3). O indicador somou, desta maneira, alta de 0,30% por volta das 15:00 horas (horário de Brasília), aos 121,2 pontos.