Bem de Giffen: saiba como funciona este tipo de item

O Bem de Giffen é uma teoria estudada pela área da microeconomia que busca descrever uma categoria de bens pouco frequente no mercado financeiro, que vão na contramão da lei da oferta e demanda.

A teoria leva o nome de Robert Giffen, o economista que cunhou o conceito em meados do século XIX.

O que é e o Bem de Giffen?

A teoria busca explicar, basicamente, itens que possuem uma dinâmica de preço inversa à lei de oferta e demanda, que dita a precificação da maior parte dos bens no mercado financeiro.

Dessa maneira, os itens catalogados por esta ideia veem sua demanda subir  à medida em que os preços aumentam.

Apesar de contraditório, a relação entre sua valorização e a procura deste tipo de item faz sentido quando entende-se que esta classificação se aplica, normalmente, aos chamados bens inferiores.

Estes, por sua vez, não possuem substitutos de maior qualidade e por conta disso, são considerados itens essenciais na vida das pessoas.

Pode-se catalogar como um bem de Giffen, portanto, produtos que são um bem inferior e não possuem substitutos, que são consumidos por todas, ou a maior parte, das classes econômicas e que, consequentemente, vão contra a ideia de oferta e demanda.

Como exemplo, é possível utilizar o consumo de arroz e feijão no Brasil. Estes são dois itens básicos da alimentação brasileira, portanto, mesmo com o aumento dos preços, a demanda pelos dois itens tende a se manter.

Assim, é correto afirmar que a variação, mesmo que positiva, da precificação de ambos os bens tem uma influência minúscula — quase nula — na demanda.

No entanto, caso os preços caiam, a procura pelos recursos não deve aumentar. Neste exemplo, os consumidores iriam aproveitar a renda restante na aquisição de outros alimentos ou gastos com outros itens ou serviços.

Este fenômeno seria gerado pela saturação causada pelo Bem de Giffen.

O que é um bem inferior?

Os bens inferiores são itens que atendem à outra dinâmica de preços. Estes, por sua vez, veem sua demanda cair conforme a renda dos consumidores aumenta.

Na maior parte das vezes, estes são produtos ou serviços de menor qualidade, com um menor custo e, consequentemente, competem com substitutos de maior valor.

Assim, quando a renda do consumidor aumenta, a procura por serviços ou bens mais caros e de maior qualidade também cresce, fazendo com que os itens inferiores vejam seu consumo cair.

Histórico do Bem de Giffen

A teoria foi cunhada por volta do século XIX, por Robert Giffen, um economista britânico que deu seu nome ao conjunto de ideias.

Posteriormente, no livro “Princípios da Economia”, o economista Alfred Marshall relaciona o teorema à alta no preço do pão, já que a maior parte das pessoas, na época, não tinham dinheiro para comprar carnes.

A relação foi, no entanto, contestada no artigo “Notes on the History of the Giffen Paradox”, de George J. Stigler, de 1947.

Então, em 2007, um estudo feito com residências aleatoriamente selecionadas na província da China, onde o arroz é o principal item de alimentação, e na província de Gansu, onde o trigo é consumido. A pesquisa foi liderada por dois economistas de Harvard, Robert Jensen e Nolan Miller.

Em ambas as regiões, os economistas subsidiaram a aquisição dos recursos básicos de alimentação. 

Como resultado, onde o arroz era consumido, os efeitos descritos pela teoria descrita por Giffen se mostraram mais fortes do que onde o trigo era consumido. Apesar disso, ambas as populações demonstraram os efeitos do Bem de Giffen.