Cisne Negro: conceito traz há duas décadas debates no mercado financeiro
Nassim Taleb popularizou o termo após lançar seu livro sobre o assunto em 2007
O cisne negro é conhecido por ser uma ave originária da Austrália que não possui hábito migratório, o que o torna raro em outros lugares do mundo. No entanto, ao redor do mundo ele ganhou espaço ao longo dos anos. Não nos lagos, mas sim na economia.
A expressão foi cunhada por Nassim Taleb no livro “A lógica do cisne negro”. O autor fez com que o termo se popularizasse no mercado financeiro ao comparar situações do cotidiano.
O que é o cisne negro?
Até meados do século XVII, acreditava-se que existiam apenas cisnes brancos, ao ponto de não destacarem a cor dos animais ao falarem sobre eles, portanto foi uma grande surpresa quando descobriram a existência de outros.
Por isso, após a obra de Taleb, o cisne negro passou a ser sinônimo de algo imprevisível ou inesperado que possa vir a acontecer no mercado financeiro e gerar um impacto grande sobre todos.
Acontecimentos dos últimos anos, como, o 11 de setembro, a crise financeira de 2007-2008 e mais recentemente, a pandemia são bons exemplos desse conceito que foi popularizado a partir de 2007.
Apesar da sua raridade, esses acontecimentos precisam fazer com que haja uma mudança significativa na economia para que sejam denominados assim.
Como identificá-lo?
Ainda que se trate de um evento inesperado, existem alguns critérios para que possamos utilizar esse termo.
Para isso, alguns aspectos como a imprevisibilidade, a raridade e a aleatoriedade do evento precisam ser levados em consideração, já que os efeitos necessitam ser profundos para que um cisne negro exista.
Além disso, é preciso que aconteçam consequências diretas nas empresas ou na economia em si, a ponto de não ser possível prever a duração desses efeitos.
Mas e o cisne branco?
Assim como na natureza, o cisne branco está presente em larga escala no mundo financeiro, porém são chamados assim apenas os eventos mais previsíveis que geram um impacto menor ao mercado.
Por se tratarem de fenômenos comuns, muitas vezes é possível se preparar e até mesmo se prevenir para que eles não ocorram ou tenham um impacto menor.
Para Nassim Taleb, a diferença maior dos cisnes está relacionada ao nosso conhecimento, pois é mais fácil nos prepararmos para coisas que já conhecemos e esperamos do que para eventos inesperados e imprevisíveis.
Ele descreve isso como uma armadilha lógica que o ser humano cria por acreditar somente no que já viu e deixar de lado possíveis ocasiões que podem acontecer.
Mediocristão e Extremistão
No livro “A lógica do cisne negro”, Taleb trouxe essas duas denominações para exemplificar o que seria este conceito.
Para ele, o mundo está dividido em duas metades e a maioria das pessoas está ou prefere ficar no mediocristão, devido ao conforto de se encontrar naquilo que é rotineiro e usual. Já quem é do extremistão está sempre flertando com as coisas extremas, com o diferente e o imprevisível.
Por causa dessas características descritas por Taleb, o grupo concentrado no extremistão está mais preparado para enfrentar um cisne negro. Tendo em vista, que ao conviver com coisas fora do comum a pessoa irá criar uma casca e ser mais resistente aos problemas.
Como se proteger?
Levando em consideração toda a dificuldade que esse evento pode acarretar no seu bolso ou na sua empresa é importante ficar atento a possíveis movimentações para que você encare o inesperado de uma forma mais saudável financeiramente.
O passo mais importante em busca dessa tranquilidade é investir em educação financeira, pois com ela você se sentirá preparado para qualquer mudança brusca no meio do caminho e poderá planejar com calma os próximos passos.
Além disso, por estarmos lidando com um conceito que traz a imprevisibilidade como fator central, é indicado ter uma reserva para emergências tanto para passar por cenários adversos em si, quanto para possíveis investimentos que sejam interessantes para você.