Crise na Argentina: Como ela afetou a economia do país – ESTOA

Crise na Argentina: Como ela afetou a economia do país

Setor foi fortemente atingido e ameaçado por desconfiança de investidores após calote na dívida pública


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A economia na Argentina sempre foi forte na América do Sul, ficando atrás apenas do Brasil. O país ficou conhecido pela sua produção na agricultura e na pecuária, tendo como principais produtos, o trigo, a lã e a exportação de gado.

No entanto, assim como no Brasil, a dívida externa da Argentina aumentou na década de 80 após o período da ditadura militar no país. A produtividade caiu e o desemprego aumentou.

A fim de converter esse cenário caótico que o país enfrentava, o ministro da Economia Domingo Cavallo, criou em 1991, o Plano de Conversibilidade, que consistia num plano de equiparar o peso argentino ao dólar norte-americano, uma das moedas mais usadas no mundo, para que a inflação fosse corrigida.

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No início do governo de Carlos Menem, em 1989, a inflação anual bateu na casa de 3079%, e no final do ano de 1991, já tinha caído para 171,7%. Mas mesmo com essa queda e a dos anos seguintes, o país entrou em recessão em 1999.

Crises dificultaram o plano

No final da década de 90, duas crises econômicas afetaram os planos da Argentina e sua conversibilidade, o país contava com recursos do mercado asiático, e isso ficou mais difícil durante esse período.

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Em 1999, a Argentina ainda sofreu outro revés ao ver a desvalorização da moeda brasileira, na época principal parceiro comercial. Isso fez com que os produtos ficassem mais caros para quem quisesse comprar.  Essa queda gerou reflexos graves no país e foi preciso entrar em recessão ao final daquele ano. 

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O ano de 2001

Durante toda essa turbulência na economia, a Argentina entrou no ano de 2001 após o vice-presidente, Carlos Alvarez, renunciar ao cargo em virtude de denúncias de propinas do governo para votar uma reforma trabalhista.

Em dezembro de 2001, a fim de proteger o sistema financeiro argentino, o ministro da economia instaurou o Corralito, um plano que limitava os saques semanais em bancos da população a 250 pesos.

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Mas o país que se encontrava num cenário de 100 bilhões de dívida pública, só se afundou ainda mais na crise, com isso, em 23 de dezembro eles declararam moratória para tentar prolongar o prazo de pagamento. 

Manifestantes tomaram conta das ruas de Buenos Aires/ Fonte: Reprodução

Três dias antes, o presidente Fernando de la Rúa, havia renunciado ao cargo após uma onda de violência que tomou o país. 

Saques a alimentos em supermercados aconteceram durante dois dias e foram reprimidos por policiais. Além disso, protestos nas ruas tornaram-se comuns, e com eles os confrontos entre manifestantes e policiais nas ruas. Mais de 30 pessoas foram mortas.

Consequências

Depois disso, o governo interino de Eduardo Duhalde enfrentou uma desconfiança por parte das empresas estrangeiras e investidores que recuaram com investimentos e empréstimos, fazendo com que a Argentina não conseguisse mais financiar suas dívidas.

Em 2003, foram feitas novas eleições para eleger o novo presidente, o esquerdista Néstor Kirchner assumiu o cargo prometendo alavancar de volta a economia argentina e dando assistência aos trabalhadores que ficaram desempregados durante esse período.

Com o passar dos anos após a moratória, o país notoriamente conhecido pela sua exportação conseguiu melhorar os números com a troca de governo, porém por ser pouco industrializado, os passos foram pequenos.

No ano de 2005, o governo Kirchner preocupado em recuperar a credibilidade com quem estava em dívida ofereceu um acordo com pagamentos com descontos acima de 70% e prazo de 30 anos.


Boa parte dos credores aceitaram o negócio, mas cerca de 10% recusaram e optaram por ir para a justiça em busca do pagamento.

Apesar da melhora, a crise da Argentina perdurou por mais tempo e apenas em 2016 que o país conseguiu negociar suas dívidas e sair da moratória em que estava há 15 anos.