Flutuação suja: como o Banco Central interfere no câmbio

Em função de controlar as taxas de câmbio das moedas, os bancos centrais de cada país adotam diferentes métodos para auxiliar no fluxo de moedas e na economia, essas políticas de intervenções são chamadas de flutuação suja. 

Para ocasionar consequências no câmbio das moedas, medidas sobre a política econômica do país são implementadas na flutuação, termo dado ao processo de oscilação de ativos.

O que é flutuação suja?

A ideia por trás da flutuação suja, ou dirty float em inglês, é a mediação de bancos centrais na taxa cambial de suas moedas, através de políticas e decretos baseados na política econômica de cada país. 

O redirecionamento do câmbio é realizado pela intervenção na volatilidade da moeda, a fim de amortecer os impactos econômicos externos e, desta forma, valorizar a moeda nacional. As providências são tomadas, na grande maioria dos casos, quando a flutuação se apresenta em altos níveis. Ou seja, quando o ativo (moeda) se mostra mais volátil do que o habitual.

A flutuação, denominada ao mercado de câmbio, tem essa característica pela facilidade e ocorrência que este mercado é manipulado e intermediado. As movimentações das taxas de moedas podem ser definidas, modificadas e afetadas por uma série de fatores.

Flutuação X flutuação suja: qual a diferença

A flutuação suja condiz com a interferência de autoridades monetárias nacionais sobre a flutuação no câmbio, que por sua vez, somente demonstra os graus de oscilação de diferentes ativos. Embora seja uma prática mais comum no mercado de ações e de câmbio.

Enquanto a flutuação indica a volatilidade, quando essas oscilações se manifestam a ultrapassar os limites impostos pelos bancos centrais, chamadas de bandas cambiais, as medidas tomadas pelas autoridades monetárias passam a classificar como flutuação suja. 

Tipos de flutuação de câmbio

Pelo caráter facilmente manipulado, a flutuação suja é algo muito comum no mercado de câmbio, porém, ele pode se demonstrar em mais dois tipos. O câmbio flutuante, câmbio fixo e o câmbio híbrido (no qual o câmbio sujo se encontra).

• Câmbio flutuante: modelo de flutuação limpa nas taxas de moeda, operando exclusivamente em razão da oferta e demanda do mercado; 
• Câmbio fixo: flutuação limpa, que, como o nome indica, indica oscilações fixadas por uma autoridade monetária através de reservas internacionais – no Brasil, o Banco Central (BCB) é o responsável. O poder do mercado é reduzido a um fator de influência e não um determinante. 
• Câmbio híbrido: sistema de livre-mercado com interferências dos bancos quando os níveis de flutuação indicam superar as bandas cambiais. Portanto, ele inclui a flutuação suja.

Causas e consequências

A flutuação suja entra em prática sobretudo para mediar o fluxo do preço da moeda nacional, em função do câmbio do dólar, a moeda mais influente do comércio internacional. Logo, as políticas aplicadas devem proporcionar um estímulo na economia diante de exportações e importações. 

A princípio, as medidas devem amortecer e suavizar a volatilidade do mercado que, caso continue só, pode manifestar danos em aspectos cruciais em uma economia nacional, como:

• Inflação;
• Incerteza de investidores em administrar empresas;
• Fuga de capital estrangeiro;
• Custos de fundos hedge de empresas importadoras e exportadoras.

Já entre as consequências, como o mercado atua em função das medidas, seu andamento é inteiramente artificial, ele não corresponde à relação da moeda com o mercado. O fato pode ser manipulado a ser algo mais adequado à exportação ou importação, variando pelo objetivo do país.

Se a proposta do Banco Central for avançar a exportação de seu país, a autoridade monetária pode desvalorizar sua moeda para parecer mais atrativa aos compradores internacionais. Como é o caso da moeda chinesa, o yuan. Com a moeda mais barata e aumento na produção da indústria, o país passou a ganhar muito destaque no mercado do exterior, que agora compete com os produtos chineses.