Milagre econômico: Entenda o fenômeno
O enorme crescimento econômico brasileiro
O Milagre Econômico foi um dos maiores períodos de crescimento econômico do Brasil. Por conta da enorme expansão financeira, foi atrelado a ele o conceito de ‘’milagre’’.
Devido aos avanços feitos nos setores comerciais, e as reformas realizadas nas áreas tributárias, fiscais e financeiras, a época foi um importante pilar da economia brasileira.
Quando o milagre econômico aconteceu?
Esse fenômeno ocorreu entre os anos 1964 e 1975, durante o governo de Castelo Branco.
Porém, seu auge se deu durante a posse de Emílio Médici, durante os anos de 1969 à 1973.
Isso quer dizer que o Milagre econômico ocorreu durante a ditadura militar brasileira, que só viria a acabar em março de 1985.
Após o Golpe Militar de 1964, mudanças drásticas atingiram o país. Além da censura e da represália, as medidas estabelecidas para a evolução econômica fizeram com que a renda se concentrasse na elite.
Isso porque a desvalorização do salário mínimo atingiu apenas a classe trabalhadora, que também era impedida de protestar, por conta do regime.
Daí, o milagre econômico começou, expandindo a economia do Brasil.
Quais foram as medidas tomadas na época do milagre?
A principal mudança adotada nessa época foi a criação do Plano de Ação Econômica do Governo, que ficou conhecido como PAEG.
Ele previa a diminuição dos gastos públicos, e o principal fator que atingiu os trabalhadores: o chamado arrocho salarial.
Essa medida fez com que os salários não acompanhassem mais as taxas de inflação, o que gerou uma arrecadação de capital gigantesca para o Estado.
Essas ações geraram uma queda na inflação. Além disso, o aumento de impostos e a criação do FGTS também contribuíram para a queda.
Outra medida que ficou extremamente famosa foi a reforma financeira. A criação do Banco Central e os investimentos da verba destinados ao âmbito habitacional fez com que a área urbana fosse expandida.
Ainda com o surgimento da instituição financeira, foi feita a centralização das operações financeiras do país, fazendo com que a entrada de capital extrangeiro no Brasil fosse facilitada.
Na época do milagre econômico, o crescimento do PIB chegou a atingir 11,1% de crescimento anual, o que simbolizou uma grande evolução financeira para o Brasil.
Além de medidas e leis, também foram realizadas obras. Rodovias e usinas hidrelétricas foram construídas a fim de melhorar as questões ligadas à acessibilidade e energia.
As obras rodoviárias mais conhecidas são a Rodovia Transamazônica, que ligava o Pará até a Paraíba, a ponte Rio-Niterói e que interligava a capital do Rio de Janeiro à cidade de Niterói.
Já as usinas mais notórias foram a Hidrelétrica de Itaipu e as nucleares de Angra dos Reis e da Zona Franca de Mateus.
Alguns projetos relacionados à mineração também foram feitos.
Essas expansões foram suficientes para expandir a economia brasileira na época.
Pontos negativos do fenômeno
Apesar de todos os avanços econômicos realizados nessa época, a desigualdade ainda se fez presente.
Como mencionado anteriormente, talvez o pior ponto negativo se fez no âmbito trabalhista. Aqui, as medidas que prejudicaram o salário mínimo e reduziram a liberdade da classe mais baixa da sociedade fizeram as taxas de inflação caírem exponencialmente.
Daí, com as condições de trabalho e a liberdade das pessoas reduzidas, se criou uma massa de trabalhadores presos ao trabalho.
Além disso, as empresas estatais foram amplamente favorecidas nessa época, fazendo com que a iniciativa privada fosse extremamente prejudicada. Esse favorecimento se deu por conta das próprias medidas estabelecidas e pela corrupção, que era presente no governo da época, mesmo que de forma velada.
A dívida externa e a desvalorização do real em comparação ao dólar também se fizeram presentes.
Outro incidente que marcou a época de forma negativa foi o estabelecimento da ditadura militar. Foi no auge desse regime que o milagre aconteceu.
Dessa forma, ocorreu a centralização do capital nas classes mais altas da sociedade, dando a impressão de um crescimento generalizado no país.
O coeficiente de Gini do Brasil chegou a 62 nessa época, mais especificamente, no ano de 1977. Esse número diz respeito a igualdade social do país, sendo 0 um equilíbrio pleno e 100 uma completa desigualdade.
Como o milagre terminou?
Apesar das mudanças, e da aparente diminuição nos índices de inflação e das más condições de moradia, os resultados deixados pelo fenômeno foram extremamente negativos.
Terminando, tecnicamente, em 1973, assim que a implementação das legislações e dos novos órgãos terminou, se tornaram aparentes as marcas deixadas pelo milagre.
Dessa forma, foi notado um aumento significativo na taxa de inflação presente no Brasil. Esse fator foi o que levou o governo do presidente Itamar Franco a implementar, em 1994, o Plano Real, que tinha como objetivo zerar esse número.
Apesar das medidas habitacionais, as capitais não aguentaram a migração de pessoas que moravam em áreas rurais para a cidade. O resultado disso foi a superpopulação em comunidades e áreas onde a infraestrutura e acessibilidade eram precárias.
As áreas da educação e da saúde também foram prejudicadas. A superpopulação e a falta de investimentos nesses setores criaram um déficit gigantesco nesses campos, prejudicando a sociedade brasileira inteira.
Por mais que tenha sido um grande impulso econômico para o país na época, o milagre econômico veio atrelado a diversos fatores que, combinados, trouxeram também diversos prejuízos para o Brasil.