O que são fundos abutres? – ESTOA

O que são fundos abutres?

Como funcionam os hedge funds polêmicos na Argentina


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Fundos destinados a ativos de risco, os fundos abutres são fundos multimercado que focam em ações baratas com altos níveis de rentabilidade. 

Normalmente, são destinados à compra de ativos de empresas em falência ou em perspectiva de desvalorização sem recuperação, como companhias em processo de recuperação judicial. Portanto, são fundos de investimentos visados na aquisição de ativos com um valor extremamente baixo.

Fundos abutres: o que são

Assim como seu nome indica, os fundos abutres levam como inspiração o animal carnívoro similar a urubus, aves cuja alimentação se baseia em carne de animal morto. De modo análogo à atuação do fundo que investe em empresas à beira de falência.

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Uma modalidade de fundo multimercado, também conhecido como hedge fund, os fundos de investimento compram ativos que já não valem muito por um preço mais baixo do que o comum (dada a desvalorização) e lucram com os juros que a empresa deve pagar.

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Ou seja, além dos riscos dos próprios papéis, os fundos abutres precisam driblar as normas e acordos a fim de lucrar.

Como funcionam os fundos

Uma vez que investidores investem em uma empresa sufocada de dívida, seja pela compra de ações ou das próprias dívidas, há, basicamente, dois caminhos que podem se tornar realidade. 

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Ou a organização se recupera e os investidores lucram com sua participação no sucesso, ou a empresa de fato entra em falência. No segundo caso, o que denomina a peculiaridade do fundo, os investidores entram na justiça e, ao se recusar de participar de acordos de reestruturação, demandam o pagamento da dívida. E logo lucram com o pagamento da empresa já em falência.

Em teoria, o funcionamento do fundo é simples sobretudo, as questões envolvidas refletem mais sobre a moralidade do fundo, uma vez que são um tipo de investimento que intenciona na queda e prejuízo do outro.

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Por exemplo, se uma empresa entrar em processo de recuperação judicial, uma das táticas para quitar as dívidas é o aumento na oferta de seus ativos. Com a venda das ações e o pouco de lucro, a empresa pode propor acordos de reestruturação aos seus credores.

Imagem ilustrativa/Foto: Reprodução

Em contrapartida, os credores, cujo objetivo é lucrar com a falência da organização, recusam o acordo e exigem o pagamento das dívidas.

Fundos abutres na Argentina

Um dos casos mais famosos sobre os fundos abutres é o da Argentina que teve início nos anos 2000.

Em 2001, a Argentina anunciou calote das dívidas públicas e, desta forma, declarou moratória. Impossibilitado de retornar ao mercado internacional, o presidente Néstor Kirchner fechou, entre 2005 e 2010, uma série de acordos em função de quitar a dívida, e entre os credores, muitos eram fundos abutres.


O acordo seria o pagamento da dívida pelos próximos 30 anos, com descontos acima de 30%. Na grande maioria dos casos, os argentinos aceitaram as normas e recebem os pagamentos até hoje, no entanto, uma minoria entrou com pedidos na justiça.

Esses fundos abutres, por comprarem dívidas do governo, recorreram à justiça e demandaram o pagamento total das dívidas. O caso que se prolongou por anos teve, finalmente, um encerramento com o presidente Mauricio Macri.

Em 2016, o governo conseguiu finalizar os contratos e pagou um total de US$ 6,5 bilhões aos seus credores, um valor significativamente acima do valor original pago pelos investidores a comprar as dívidas. Consequentemente, o valor pago pelo governo de Macri gerou muitas polêmicas entre os argentinos.

Entre as controversas, após a decisão, a Argentina ingressou no mercado de investimento especulativo, e então no mercado de crédito, e deixou para trás o de junk bond.